Políticos, a imprensa e a população do Reino Unido receberam com aprovação o banimento do príncipe Andrew da vida pública. O rei Charles 3º, seu irmão, tomou a decisão após denúncias do suposto envolvimento de Andrew no caso do financista americano Jeffrey Epstein, acusado de exploração e tráfico sexual.

A decisão do rei representa uma das medidas mais drásticas contra um membro da família real na história moderna britânica. Também está sendo interpretada como um desejo de proteger a monarquia em um momento em que a instituição vem perdendo apoio entre a população mais jovem.

Os jornais britânicos, que há semanas estampam em suas capas detalhes das ligações de Andrew com Epstein, destacaram o anúncio em suas capas. “Finalmente”, dizia a chamada do jornal Daily Mirror. “Banido em desgraça”, escreveu o The Sun.

O ministro Chris Bryant (Negócios e Comércio), do Partido Trabalhista, disse que o governo do premiê Keir Starmer apoiou a decisão do rei. Líderes dos partidos Conservador e Liberal Democrata, de oposição, também elogiaram o anúncio.

Quando a BBC interrompeu um programa político ao vivo para anunciar a notícia, a plateia reagiu com aplausos. O banimento repercutiu internacionalmente, especialmente em países da Comunidade das Nações, formada por Inglaterra e suas ex-colônias, como Austrália, Canadá e Nova Zelândia, onde Charles é chefe de Estado.

As principais redes de TV australianas realizaram enquetes e ouviram cidadãos nas ruas. Muitos afirmaram aprovar a medida, mas expressaram preocupação com o impacto desses escândalos na imagem da monarquia.

A decisão, segundo relatos feitos à agência de notícias Reuters, foi tomada por Charles, mas contou com o apoio da família real em geral, incluindo o príncipe William, herdeiro do trono.

O Palácio de Buckingham, em seu anúncio, declarou que as sanções eram necessárias, mesmo que Andrew continue negando as acusações feitas contra ele. Ele será chamado, a partir de então, de Andrew Mountbatten Windsor, sem qualquer título ou honraria da monarquia britânica. Apesar disso, o agora ex-príncipe de 65 anos continua sendo o oitavo na linha de sucessão ao trono do Reino Unido.

Ao sair do Royal Lodge, residência de 30 cômodos mantida pela realeza, Andrew deverá se mudar para uma propriedade privada, que, segundo a mídia local, será financiada com recursos próprios do rei, não da Coroa.

Há duas semanas, Andrew já havia renunciado ao seu título de duque de York. A relação do monarca com Epstein foi denunciada por Virginia Giuffre, que acusou o então príncipe de tê-la abusado sexualmente e contratado serviços da rede de exploração sexual do americano.

Giuffre se suicidou em abril deste ano, aos 41 anos. Ela entrou com um processo judicial contra Andrew em um tribunal de Nova York em 2021. A mulher o acusou de ter cometido abuso sexual em três ocasiões, quando ela tinha 17 anos. Os episódios teriam ocorrido com a ajuda de Epstein, com quem o então príncipe manteve relação próxima por anos.

Epstein se suicidou em uma prisão nos Estados Unidos em 2019 quando aguardava julgamento por acusações de tráfico sexual. Sua companheira de longa data, Ghislaine Maxwell, foi posteriormente condenada pela Justiça dos EUA em cinco acusações, por recrutar jovens e ajudar o investidor a abusar delas. Os abusos contra Giuffre teriam ocorrido em propriedades de Epstein e de Maxwell.

Andrew chegou a pagar milhões a Giuffre em 2022 para encerrar a ação judicial que ela moveu contra ele. O príncipe afirma que nunca a conheceu e nega as acusações. Apesar disso, uma foto que circulou amplamente na imprensa mostra os dois juntos ao lado de Maxwell.

Na última semana, o lançamento de um livro póstumo de Giuffre adicionou detalhes às acusações contra o britânico. Em “Nobody’s Girl” (a garota de ninguém, em tradução livre), ela relata as três ocasiões em que teria tido relações sexuais com Andrew e conta que conheceu o príncipe em março de 2001, quando ela estava em Londres, na casa de Maxwell.