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23 de outubro de 2025

Puerto Natales é base aconchegante para a Patagônia – 22/10/2025 – Turismo

Puerto Natales é base aconchegante para a Patagônia – 22/10/2025 – Turismo

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Na última porção de terra firme ao sul do estreito mapa do Chile fica a região de Magalhães e Antártica Chilena. Na parte mais austral do país e uma das mais isoladas do planeta, a imponência da natureza extrema se mescla às heranças culturais dos povos originários dali.

Às margens do fiorde de Última Esperanza, a cidade de Puerto Natales tem pouco mais de 20 mil habitantes e serve como porta de entrada para quem quer ver de perto os picos de granito do Parque Nacional Torres del Paine.

Em outubro, quando começa a temporada de visitação, o clima recebe os viajantes com rajadas de vento que fazem jus ao adjetivo “cortante” e chegam a desequilibrar o passo. Gorro, cachecol, luvas e casacos corta-vento são indispensáveis para sair ao ar livre, seja para um passeio ou apenas para caminhar ao ar livre, pelas poucas ruas da cidade, pequena o suficiente para ser cruzada a pé.

Por outro lado, Puerto Natales também consegue ser bastante aconchegante. Além de ter sol das 5h às 20h no verão, a região é uma grande produtora de gás natural e, por isso, a calefação está presente em todo lugar. Nos hotéis, o ar quente costuma causar estranhamento aos desacostumados com o frio. Muitos turistas chegam a suar durante a noite por não saberem muito bem como manejar de aquecimento.

Quem sempre soube lidar muito bem com esse clima, antes mesmo de qualquer tecnologia de calefação, são os povos indígenas nativos da região, como os kawésqar e os aónikenk, que entre os séculos 19 e 20 passaram a conviver com os europeus que desembarcavam por ali, em especial croatas e espanhóis.

As tradições originárias se mantêm vivas, especialmente na gastronomia, que une frutos do mar com temperos típicos, como o mérken, uma pimenta defumada da culinária mapuche.

Por lá há restaurantes para diferentes perfis e bolsos: do popular Mesita Grande ao sofisticado Carneros, passando pelo Afrigonia, que mistura ingredientes africanos com insumos típicos da Patagônia. O cordeiro assado é o prato mais tradicional, seguido do salmão fresco (disponível até no café da manhã), da centolla (um tipo de caranguejo gigante) e do Calafate Sour, drinque feito com o fruto negro que dá nome à planta símbolo da região.

É de Porto Natales que partem as expedições que percorrem as paisagens da região. Uma das mais procuradas é a navegação até as geleiras Balmaceda e Serrano, que sai por 175 mil pesos chilenos (cerca de R$ 980). O passeio de barco margeia os fiordes por cerca de três horas, permitindo observar colônias de lobos-marinhos, aves como o cormorão imperial e, em certas épocas do ano, até pequenos grupos de pinguins.

A embarcação se aproxima do paredão de gelo azul, e os visitantes desembarcam rumo a uma trilha curta na floresta, que leva ao sopé da geleira Serrano. Os sortudos que pegarem um dia ensolarado, incomum na região, têm a oportunidade de ver os raios solares refletidos no gelo, realçando o azul da água e o relevo das montanhas ao redor —o que ameniza o frio e revela a natureza patagônica para além da estrutura glacial.

Ao final da navegação, é tradição brindar com um copo de uísque servido com pedaços de gelo da própria geleira. O passeio termina com almoço em uma estância rural, às margens do fiorde Última Esperanza, onde o cardápio costuma incluir sopa de legumes e cordeiro, prato que remete às origens pecuárias da região.

A criação de ovelhas moldou a economia e o cotidiano por décadas, deixando traços visíveis na gastronomia. Hoje, o turismo a substitui como motor econômico, mas o isolamento geográfico ainda dita o ritmo de vida bastante tranquilo de quem vive ali.

De volta ao hotel, as paisagens continuam estonteantes. Da janela do Costa Australis, por exemplo, a ampla vista para o mar reforça a sensação de isolamento geográfico que marca o imaginário da Patagônia: o vento empurra as águas do fiorde, e o horizonte parece não terminar.

Há dois caminhos possíveis para chegar a Puerto Natales. O mais comum é pela estrada, em uma viagem de quatro horas desde Punta Arenas, principal centro urbano da região. Outra opção é o voo direto a partir de Santiago, que pousa em um pequeno aeroporto, inaugurado há poucos anos.

E vale o aviso: os visitantes que chegam ao Chile pela primeira vez devem aprender rápido a importância de um pequeno papel entregue na imigração. Fácil de perder ou de jogar fora por engano, ninguém vai avisar da sua importância, mas o documento é exigido em hotéis e na saída do país. Guardá-lo é essencial para evitar contratempos em meio à viagem.

O jornalista viajou a convite do Turismo do Chile



Fonte.:Folha de S.Paulo

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