Companhias aéreas e agências responsáveis por regular o setor de aviação civil se preocupam com o aumento de incidentes envolvendo baterias portáteis em voos comerciais.

Sem consenso internacional, cada país adota suas próprias medidas. Enquanto Ásia e Europa endurecem regras e fiscalização, o Brasil mantém uma postura mais flexível.

Usadas para manter aparelhos móveis ligados por mais tempo, as baterias portáteis —conhecidas como power banks— ganharam popularidade nos últimos anos. Em viagens de avião, esses equipamentos podem oferecer risco de incêndio, o que levou companhias aéreas e autoridades a impor restrições e reforçar medidas de segurança.

Em outubro, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) publicou um alerta de segurança direcionado às companhias aéreas brasileiras com orientações sobre o transporte de baterias de lítio em voos comerciais. O documento foi emitido após o aumento de ocorrências causadas por esses equipamentos.

Entre as orientações, a Anac destaca que carregadores portáteis devem continuar proibidos na bagagem despachada e devem ser levados apenas na bagagem de mão. Também é recomendada a proibição do uso de power banks durante o voo e a exigência de que cigarros eletrônicos sejam transportados de forma a evitar a ativação acidental.

As regras para o transporte e uso de baterias portáteis em aviões estão ficando mais rígidas em diversos países. A Southwest Airlines, quarta maior companhia dos Estados Unidos, passou a exigir que passageiros mantenham os carregadores portáteis visíveis durante o uso, após uma série de incidentes envolvendo baterias a bordo.

Medidas semelhantes foram adotadas por companhias aéreas da Coreia do Sul, Taiwan, Tailândia, Singapura, Malásia e Hong Kong, algumas das quais chegaram a proibir o uso de power banks em voo depois que um incêndio destruiu um avião da Air Busan na pista de um aeroporto sul-coreano, em janeiro.

A autoridade de aviação da China proibiu o embarque de baterias portáteis sem certificação de segurança. A medida, em vigor desde junho, foi adotada após uma série de incidentes em que power banks pegaram fogo ou emitiram fumaça durante as viagens.

No Brasil, as regras continuam mais flexíveis. Em nota, a Anac afirmou que acompanha os desdobramentos sobre segurança no transporte aéreo e busca manter alinhamento com as melhores práticas internacionais do setor.

A Anac informou que segue as orientações da Organização Internacional da Aviação Civil. A agência recomenda que as companhias aéreas reforcem o treinamento de tripulações e equipes de solo para identificar riscos e orientar passageiros, além de promover campanhas educativas sobre o transporte seguro de baterias de lítio em sites, vídeos e anúncios de bordo.

Apesar dessas diretrizes gerais da Anac, cada companhia aérea pode adotar regras mais rigorosas, como proibir o uso de power banks durante o voo ou o armazenamento nos compartimentos superiores.

Por que power banks oferecem riscos para segurança nos voos?

O risco está na composição das baterias de íon-lítio, que concentram energia em pouco espaço e são sensíveis a variações de carga e temperatura. Quando danificadas, sobrecarregadas ou com defeito de fabricação, podem entrar em curto-circuito e liberar calor rapidamente.

Esse processo pode desencadear uma “fuga térmica” —reação em cadeia que eleva a temperatura interna e, em casos extremos, provoca incêndio ou explosão. Os maiores riscos estão nos power banks mais potentes, que armazenam grandes quantidades de energia.

Como saber se o meu power bank é permitido antes de viajar?

As baterias portáteis podem ser transportadas em voos comerciais, desde que estejam dentro dos limites de potência definidos pela Anac. A capacidade dos equipamentos é medida em wh, que significa watt-hora, unidade que indica a quantidade de energia elétrica que uma bateria pode armazenar.

Baterias portáteis de até 100 Wh, comuns em celulares e acessórios, podem ser levadas sem restrição. Entre 100 Wh e 160 Wh, usadas em equipamentos como drones e filmadoras, só podem ser transportadas com autorização prévia da companhia aérea. Baterias acima de 160 Wh são totalmente proibidas em voos comerciais.

Ainda assim, as companhias aéreas podem adotar restrições adicionais, e a Anac recomenda que o passageiro verifique previamente as condições de transporte com a empresa escolhida.

Quais são as regras para transportar baterias portáteis no avião?

As baterias portáteis devem ser transportadas exclusivamente na bagagem de mão. É proibido despachá-las, tanto em voos de passageiros quanto de carga, por motivos de segurança. Caso um power bank superaqueça ou entre em curto-circuito no compartimento de carga, a tripulação não teria como agir rapidamente.

Algumas companhias aéreas exigem autorização para o transporte de baterias acima de 100 Wh, inclusive em dispositivos médicos portáteis. Cada passageiro pode transportar até duas baterias extras, desde que protegidas individualmente para evitar curtos-circuitos. Não é permitido o embarque de baterias danificadas.

Posso usar o carregador durante todo o voo?

Você pode usar seu carregador portátil durante a maior parte do voo, mas existem momentos específicos em que o uso não é recomendado. Durante as fases de decolagem e pouso, os comissários de bordo pedem que todos os aparelhos eletrônicos sejam desligados.

O que as companhias recomendam para evitar problemas no embarque?

As companhias aéreas recomendam que passageiros verifiquem o estado dos power banks antes do embarque. Dispositivos com a carcaça rachada, bateria exposta, superaquecimento frequente, dificuldade para ligar ou desligar, ou que estejam inchados ou deformados, não devem ser transportados, por representarem risco à segurança a bordo.