
Pelagem curta e dourada, orelhas quase sempre levantadas e uma mistura única de raças europeias, americanas e orientais. Este é o vira-lata caramelo, o cão mais amado do Brasil que, pela primeira vez, tem as suas raízes reveladas por meio do sequenciamento genético desses animais espalhados pelo Brasil.
Analisando a saliva de 305 cachorros proveniente das cinco regiões do país, foram encontradas influências de 296 raças. A mais comum é o pastor alemão, presente na genética de um em cada cinco vira-latas caramelos (19,9%). Em seguida, estão o american pit bull terrier (13,6%), o pequinês (11,7%), o spitz alemão (10%) e o galgo espanhol (8,7%).
De seis a nove em cada dez animais têm predisposição genética ao porte médio e praticamente todos têm genes associados ao focinho médio a longo. Pelagem curta e orelhas eretas ou semi-eretas são outras marcas registradas desse ícone brasileiro.
Newsletter
Receba, toda semana, as reportagens de Veja Saúde que mais deram o que falar.
Inscreva-se aqui
para receber a nossa newsletter
Cadastro efetuado com sucesso!
Você receberá nossas newsletters em breve.
Clique aqui para entrar em nosso canal no WhatsApp
A cor caramelada é chamada pelos cientistas de fulva e está presente na genética de até 90% dos cães analisados.
Ao todo, foram avaliadas cerca de 65 mil marcadores genéticos, que revelaram que, do Oiapoque ao Chuí, os caramelos tem um perfil muito semelhante, independente da região onde nasceram.
Os resultados são fruto da primeira pesquisa genética a respeito dos vira-latas caramelos, realizada pela Pedigree, líder em alimentos para cães e criadora do programa Adotar é Tudo de Bom, e pela DNA Pets, empresa de sequenciamento genético para animais de estimação.
“O caramelo é um ícone cultural brasileiro, reconhecido por todos, mas ao mesmo tempo é o perfil de cão mais invisibilizado nos abrigos e o que tem menos chances de adoção, apenas por não serem cães de raça”, Ricardo Marinho, gerente de Marketing de Pedigree na Mars Pet Nutrition.
“Queríamos ir além da curiosidade: se um cão de raça é determinado pelo seu DNA, podemos fazer uma pesquisa genética que estude e ajude a entender, com base científica, quem é esse cachorro tão presente no imaginário do país.”
+ Leia também: Testes genéticos revelam a origem dos vira-latas
Prevenção e tratamento de doenças
Além de descobrir as origens dos caramelos, o estudo também avaliou o risco deles desenvolverem doenças genéticas. Felizmente, animais sem raça definida têm um risco menor de carregar essa herança do que animais de raças “puras”, por causa da maior variedade genética.
No estudo, apenas um quinto dos cães apresentou ao menos uma variante ligada a doenças hereditárias recessivas (aquelas em que é preciso herdar duas cópias aletradas — uma do pai e outra da mãe — para que o distúrbio se manifeste). Em 97% dos casos, os cachorros eram portadores de somente uma cópia do gene anômalo, o que evitou que a grande maioria tivesse algum problema do tipo.
Entre os genes relacionados a alguma doença, o ligado à mielopatia degenerativa canina foi o mais comum, presente em 12,1% da amostra.
“Ela é uma doença neurodegenerativa progressiva que afeta a medula espinhal e apresenta um importante componente genético”, explica Jaqueline Oliveira Rosa, bióloga especializada em genética e melhoramento animal e head de produtos da DNA Pets.
A pesquisadora compara a doença ao que é visto em pessoas com esclerose lateral amiotrófica (ELA), condição que ficou conhecida por acometer o físico Stephen Hawking. “Ao longo do tempo, leva a uma perda gradual da capacidade de locomoção, começando geralmente pelos membros posteriores”, descreve.
Estima-se que apenas 0,19% de todos os cães tenham a mielopatia degenerativa canina, sendo ela uma doença rara e que, na maioria das vezes, se manifesta em raças como Pastor Alemão, Pembroke Welsh Corgi, Boxer, Rhodesian Ridgeback e Chesapeake Bay Retriever.
Por enquanto, a condição não tem cura. “Fisioterapia, acompanhamento veterinário e manejo adequado podem ajudar a retardar a progressão dos sintomas e a preservar a qualidade de vida dos cães afetados”, afirma Rosa.
Compartilhe essa matéria via:
Fonte.:Saúde Abril


