Por volta das 19h30 do dia 25 de junho, a Polícia Civil do Distrito Federal prendeu Paulo Augusto Bufarah. Ele chegava à capital num ônibus que havia partido de Campo Grande (MS). Condenado a 17 anos de prisão por participar dos atos de 8 de janeiro de 2023, estava exilado na Argentina até que decidiu retornar ao Brasil.
Seu trajeto foi mapeado e ele não chegou a ver sua casa, na região administrativa de Vicente Pires. Foi detido por uma operação da Divisão de Prevenção e Combate ao Extremismo Violento (DPCEV), com apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF), em cumprimento a um mandado de prisão expedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Bufarah participou da audiência de custódia algemado. Durante a sessão, ele relatou que trabalhava com produção musical e que ajudava os filhos, de 31 e 29 anos, em uma costelaria da qual eles são proprietários. Tem 55 anos, nasceu em Penápolis (SP), é divorciado e, desde que foi preso pela primeira vez, passou a apresentar problemas de saúde mental.
“Desde o evento de 8 de janeiro, perdi muita coisa em termos financeiros, em habitação, e adquiri danos psicológicos que me abalam até hoje”, declarou, com a voz trêmula. “Estou passando por uma crise de pânico neste momento.”
Durante a audiência, ele explicou que fugiu do Brasil precisamente porque queria evitar retornar à cela – ele permaneceu sete meses detido no Presídio da Papuda, em Brasília, até ter acesso à liberdade provisória enquanto esperava o julgamento, concluído com sua condenação, em abril de 2024.
Naquele momento, ele já não se encontrava no país. Tentou agora retornar para tratar da própria saúde, informa o advogado de defesa. “Ele fugiu do Brasil para não ser preso novamente e retornou porque está depressivo. Nunca se recuperou do período que passou na Papuda”, diz. “Ele é um excelente cantor, um talento, que viu a vida ser destruída. Agora, com a nova prisão, ele está apavorado.”
Selfie no Senado
O advogado relata que Bufarah participou dos eventos do 8 de janeiro com o objetivo de se manifestar politicamente. Nos autos, constam selfies e vídeos, extraídos de seu celular, em que ele aparece dentro do plenário do Senado e celebra o sucesso do grupo que invadiu o edifício. “Jamais foi do interesse dele questionar a democracia, nem bolsonarista ele é. Tudo o que ele pretendia era exercitar sua liberdade de expressão.”
Condenado a 15 anos e meio de reclusão e um ano e meio de detenção, por abolição violenta do estado democrático de direito, golpe de estado, dano qualificado, deterioração de patrimônio tombado e associação criminosa armada o detento utiliza medicamentos como risperidona, utilizado para tratar transtorno bipolar e irritabilidade associada ao transtorno do espectro autista, e rivotril, aplicado contratar transtornos de ansiedade, transtorno do pânico.
A escolha de seguir para a Argentina foi forçada pela situação, defende o advogado. “Muitos condenados pelo 8 de janeiro entendem que seu direito à defesa não foi exercido. Foi o caso do senhor Paulo. Para pessoas como eles, a Argentina, o Uruguai e o Paraguai representam uma forma de não retornar à prisão.”
Durante a audiência de custódia do último dia 25, Bufarah declarou: “Não posso voltar para a cadeia. Se eu voltar, vou morrer.” O condenado foi encaminhado à Papuda, enquanto a defesa trabalha para que sua situação de saúde seja averiguada.
Fonte. Gazeta do Povo