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31 de julho de 2025

Quer aproveitar mais seu vinho? Foque a textura – 24/07/2025 – Isabelle Moreira Lima

Quer aproveitar mais seu vinho? Foque a textura – 24/07/2025 – Isabelle Moreira Lima

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O vinho é muita coisa: é história, geografia, cultura, informação sensorial. Para o iniciante, é muitas vezes difícil saber por onde começar —memorizar regiões e uvas ou catalogar no cérebro as mil e uma possibilidades de aromas que cada garrafa pode guardar? O conselho do inglês Alex Hunt, um dos 450 terráqueos com o título de Master of Wine, simplifica bastante as coisas: preste atenção na textura da bebida.

Por textura, entenda a sensação de boca, a impressão física e não o sabor. É algo que deixamos passar facilmente, especialmente quando provamos vinhos brancos. Neles, elementos como taninos, cuja textura é mais facilmente identificada, são mais raros.

Mas há muito mais a se prestar atenção e, quando entendemos textura, podemos identificar o que gostamos, descrever um vinho com mais precisão. Por exemplo, ele pode ser suculento, substancioso, viscoso, cremoso. Pode também lembrar algum material específico como seda ou veludo. Pode ser áspero, agressivo, adstringente, duro, ter arestas. Pode ser tanta coisa, enfim, que em 1998 o Australian Wine Research Institute propôs uma classificação, aos moldes da roda de aromas, só com termos relativos ao tato bucal. Ali, os termos vão de mastigável a metálico.

“A textura é um delicioso lembrete de que o vinho pode parecer um simples líquido aquoso, mas na realidade é muito mais do que isso”, me disse Hunt, que é também diretor de compras da importadora inglesa Berkmann Wine Cellars em Londres, quando perguntei o que as pessoas mais perdiam por falta de atenção ao provar um vinho.

É claro, há os vinhos que passam pela boca sem ativar nenhum sensor, sem despertar nenhuma paixão ou ideia. Esses são os mais sem graça e costumam não ter acidez (que embora não diga respeito à textura diretamente, pode pinicar a boca e faz salivar). Os vinhos que passam liso não nos fazem aguar, não pinicam nada, não arranham e não têm aquela gordurinha que faz lembrar a seda ou o veludo, tecnicamente são chatos. Se for do seu interesse beber algo assim, a dica é preferir algo que além de tudo refresca e hidrata: a água.

Foi no Priorato que encontrei alguns dos vinhos com textura mais perceptível que já provei. A região na Catalunha é célebre por suas montanhas e encostas íngremes, pelo solo pedregoso, pela aridez e pela insolação. Ali as uvas amadurecem e obtêm um nível de concentração altíssimo. Os vinhos, logo, seguem a mesma tendência, são concentradíssimos. Produtores como Álvaro Palácios, Clos Mogador (importados pela Mistral) e Mas Martinet (Grand Cru) fazem bebidas com textura memorável.

Além da atenção redobrada à textura, Hunt sugere ao iniciante que procure ler sobre o que está bebendo, para estruturar o conhecimento e encontrar padrões. Já para quem tem mais experiência, o conselho é ainda mais simples: “mantenha-se curioso”.

Vai uma taça?

Para quem quer entender textura de veludo, uma ideia é focar o Alentejo. Tintos como o Marquês de Borba Tinto Colheita (R$ 82 na SuperAdega) e Clássico Ravasqueira (R$ 81 na Casa Santa Luzia) são deliciosos, bem suculentos. Também suculento, mas mais granulado, é o Riccitelli This is not Another Lovely Malbec (R$ 89 na Vinhos Mundi), que levanta qualquer carne. Para cremosidade, os espumantes mais secos e com mais tempo com as lias são bem didáticos. Prove o Victoria Geisse Extra Brut Vintage (R$ 154 na Enoteca Alphaville).


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Fonte.:Folha de São Paulo

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