Após a degradação da política sob Bolsonaro, voltamos a ela quando o presidente Lula despreza o compromisso com a moderação que fingiu em 2022. Novamente em campanha, volta-se contra as elites e rentistas atrás de votos dos mais pobres.
Um embuste. Seus gastos insustentáveis fazem o Banco Central manter juros elevadíssimos, transferindo à minoria rica R$ 1 trilhão neste ano. Esta pequena elite embolsará o mesmo valor pago a 41 milhões de beneficiários do INSS.
Há duas novas trapaças: o fim da escala de trabalho 6×1, alardeada pelo novo ministro Guilherme Boulos, e a promessa de gratuidade no transporte público.
Maravilhosas, as proposições não param em pé. A primeira estagnaria de vez o Brasil; a segunda, promoveria rombos que inviabilizariam até a conservação das vias em que coletivos rodam.
Se nos anos 1980 um trabalhador brasileiro alcançava 46% da produtividade de um norte-americano, hoje ele produz um quarto (25,6%). Estamos parados há sete décadas e demoramos uma hora para fazer o que o americano entrega em 15 minutos.
A redução da jornada teria de vir acompanhada por saltos na produtividade para crescermos sem inflação. Isso depende não só da educação, mas de mais máquinas e investimentos das empresas —tolhidos justamente pelos juros descomunais que o desequilíbrio orçamentário de Lula provoca.
Nas tarifas, a cidade de São Paulo subsidiou o recorde de R$ 6 bilhões em 2024 para manter o sistema de ônibus e bancar passe livre a idosos e aos domingos.
É quase cômico: enquanto o governo se contorce para taxar mais R$ 30 bilhões a fim de fechar o Orçamento de 2026, o setor de transportes calcula em quase R$ 100 bilhões a fatura da gratuidade. A conta não fecha.
O truque é que não haverá custo em defender tais propostas. Todo o prejuízo político recairá sobre os que tiverem a responsabilidade de rejeitá-las. Depois de tudo o que país passou, é o que temos.
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Fonte.:Folha de S.Paulo


