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5 de novembro de 2025

Rinite gustativa: por que o nariz escorre ao comer pimenta ou algo quente?

Rinite gustativa: por que o nariz escorre ao comer pimenta ou algo quente?

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O seu nariz fica com coriza quando você toma bebidas quentes, como chás, cafés ou sopas? Ou reage com espirros assim que você se aventura em um prato apimentado? Essas situações podem até “passar batido”, mas têm explicação médica.

Trata-se de um tipo de rinite. Mais especificamente, a chamada rinite gustativa, um quadro não alérgico desencadeado pelo estímulo que certos alimentos provocam no organismo.

Embora não ofereça grandes riscos à saúde, a condição pode ser bastante incômoda e, por vezes, constrangedora. Por isso, vale entender melhor o que está por trás do problema, como questionado pelo leitor Silvio Nunes, que nos pediu para falar sobre o tema.

Você também pode participar enviando uma mensagem para o e-mail saude.abril@atleitor.com.br.

O que é a rinite gustativa?

A rinite, em geral, é uma inflamação da mucosa nasal e pode ter causas alérgicas – como reações a poeira e ácaros –, ou não alérgicas, como mudanças de temperatura, cheiros fortes ou o próprio ato de comer.

No caso da rinite gustativa, a reação ocorre após a ingestão de alimentos quentes ou picantes. No entanto, diferentemente da rinite alérgica, que é marcada pela reação do sistema imunológico a determinadas substâncias, ela ocorre por um desequilíbrio no sistema nervoso, levando à produção excessiva de secreção.

Assim, o sintoma mais comum é a chamada “coriza hialina”, um tipo de secreção clara, parecida com água. Além disso, podem ocorrer espirros e sensação de nariz entupido.

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Por que isso acontece?

O problema está ligado, especificamente, aos reflexos do sistema nervoso autônomo, que controla as funções involuntárias, como salivação, batimentos cardíacos e secreção nasal.

“A rinite gustativa ocorre porque o ato de comer ativa nervos que controlam a produção de secreção nasal. Esse é um reflexo normal, mas, em alguns indivíduos, a resposta é exagerada”, explica o médico Márcio Salmito, otorrinolaringologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

É que, quando mastigamos, os nervos ligados ao paladar entram em ação para nos ajudar a sentir o sabor dos alimentos, mas aqueles que são responsáveis pelo olfato também são ativados. Para a maioria das pessoas, esse “duplo comando” não é problema.

Mas, em quem é mais sensível, os sinais simultâneos acabam acionando também o sistema parassimpático do nariz, espécie de central automática que controla a produção de muco. É assim que, em alguns sujeitos, as glândulas nasais ativadas pelos neurotransmissores desse sistema acabam produzindo mais secreção do que o habitual.

Existem riscos?

O médico do hospital Oswaldo Cruz tranquiliza: “a rinite gustativa, por si só, não representa riscos diretos”. Segundo ele, o principal perigo está no uso inadequado de medicamentos descongestionantes, que podem causar efeitos adversos importantes.

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Além disso, vale o alerta de que, em idosos ou pacientes com doenças neurológicas, o excesso de secreção pode aumentar as chances de engasgos.

Qual o público mais atingido?

Embora qualquer pessoa possa apresentar rinite gustativa, ela é mais frequente em idosos. Além disso, também é comum em quem já convive com algum tipo de rinite crônica. “Nestes casos, os sintomas se agravam com os estímulos gustativos, ou seja, pioram ao comer”, destaca Salmito.

A condição também é apontada como um pouco mais frequente em homens do que em mulheres. Ainda entram nessa lista as pessoas com sistema parassimpático – que cuida das reações ligadas ao repouso, à secreção do nariz e à digestão –, hiperativo ou que utilizam medicamentos que o estimulam, como alguns remédios contra a hipertensão.

Quais são os “gatilhos”?

Como vimos, o estímulo costuma vir de alimentos quentes, picantes ou muito condimentados.

Pimenta, wasabi, caldos ferventes, café, chás, curry e até álcool (especialmente os vinhos) entram na lista dos gatilhos mais comuns.

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O que fazer para controlar?

O principal tratamento envolve o uso de medicamentos tópicos, sob prescrição médica. Entre eles, o mais utilizado é o brometo isotrópico, semelhante a substâncias empregadas em inalações para pacientes com asma.

Evitar os gatilhos também ajuda, assim como manter uma rotina saudável, com sono adequado e prática regular de atividades físicas. Tudo isso contribui para o equilíbrio do sistema nervoso autônomo.

Vale lembrar que o acompanhamento com um otorrinolaringologista é indispensável para definir o tratamento mais adequado e evitar a automedicação.

“Impedir que o quadro surja é difícil, mas, de forma geral, manter boa saúde nasal, estilo de vida equilibrado e evitar o uso desnecessário de medicamentos são as melhores medidas preventivas”, conclui Salmito.

 

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Fonte.:Saúde Abril

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