Robson Jesus, brasileiro que figura no Guinness Book como a pessoa que visitou, em menos tempo, todos os 196 países no mundo, publicou no início deste mês um novo livro que registra essa jornada.

Em “Não Desperdice Seus Sonhos”, o ex-colunista da Folha reconta a sua jornada, de dois anos e 42 dias, revelando detalhes por trás dela, como as decisões, os acertos, erros e os ensinamentos que colecionou. Uma das principais lições que Jesus diz ter aprendido na viagem é a importância de se planejar e de se adaptar quando as coisas não dão certo.

“Quero apresentar a importância de planejar e também de ter coragem de ajustar a rota quando as coisas dão errado. Divido também o que aprendi enfrentando o medo, a solidão e as incertezas da estrada”, afirma.

Durante a obra, também são narrados momentos de tensão, como, por exemplo, a passagem pela Ucrânia e pela Rússia durante a guerra entre esses países. Para entrar na Rússia, o autor explica que demorou mais de 12 horas para passar pela imigração, enquanto, na Ucrânia, encontrou dificuldades para sair do país, precisando passar por um interrogatório que durou mais de quatro horas.

Ao mesmo tempo, são contados casos mais positivos, como seus encontros com diferentes brasileiros que moram fora do país e o que os motivaram a tentar uma vida no exterior.

A obra também destaca a convivência que Robson teve com pessoas de outros países, mostrando como as diferenças culturais o levaram a situações inusitadas: “Percebi como a emoção, a impulsividade e o famoso jeitinho brasileiro me colocaram em algumas enrascadas”, diz.

O livro é dividido em capítulos que exploram o processo da viagem, sem se ater à ordem cronológica dos acontecimentos.

Segundo Robson, ele queria desenvolver uma obra que pudesse servir de inspiração para que as pessoas buscassem seus sonhos e aprendessem como alcançá-los, especialmente os jovens que crescem em situações de vulnerabilidade.

“Cresci vendo muita gente talentosa desistir cedo demais porque nunca teve referências de que era possível sonhar grande. O livro é a forma que encontrei de mostrar, de maneira concreta, que alguém vindo da periferia, sem privilégios, pode ocupar o mundo”, diz.

Robson cresceu em uma comunidade em Osasco e, para ajudar a sua família, começou a trabalhar já aos dez anos de idade. Neste período, segundo ele, descobriu que os sonhos podiam acabar sendo facilmente esquecidos.

“Na favela onde sempre morei, os sonhos parecem um privilégio reservado aos outros. A maioria das pessoas ao meu redor viviam no piloto automático, presas a um ciclo que passa de pai para filho”, explica Robson.