
- Author, Rachel Hagan
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O Museu do Louvre, em Paris, continua fechado nesta segunda-feira (21/10), enquanto a polícia investiga um roubo que teve como alvo as joias da coroa da França, de valor inestimável.
Ladrões armados com ferramentas elétricas invadiram o museu mais visitado do mundo em plena luz do dia, antes de fugirem em scooters com oito peças de joalheria de valor inestimável.
Aqui está o que sabemos sobre o crime que chocou a França.
Como ocorreu o roubo?

Crédito, Reuters
O roubo ocorreu no domingo, entre as 09:30 e as 09:40, hora local (04:30 e 04:40 no horário de Brasília), pouco depois da abertura do museu aos visitantes.
Quatro ladrões utilizaram um elevador mecânico montado em um veículo para acessar a Galerie d’Apollon (Galeria de Apolo) através de uma varanda próxima ao rio Sena.
As imagens do local mostravam uma escada montada em um veículo levando até uma janela do primeiro andar.
Dois dos ladrões cortaram os vidros com um cortador de disco alimentado por bateria e entraram no museu.
Em seguida, ameaçaram os guardas, que evacuaram as instalações, e roubaram itens de duas vitrines de vidro.
Um relatório preliminar revelou que uma em cada três salas na área do museu invadido não tinha câmeras de circuito fechado de TV, de acordo com a mídia francesa.

Crédito, Getty Images
Este é um episódio “muito doloroso” para a França, disse Natalie Goulet, membro da comissão de finanças do Senado francês.
“Estamos todos desapontados e irritados”, disse ela, e é “difícil entender como isso aconteceu tão facilmente”.
Goulet disse à BBC que o alarme local da galeria foi recentemente danificado e que “temos que aguardar a investigação para saber se o alarme foi desativado”.
O Ministério da Cultura da França informou que os alarmes gerais do museu dispararam e que os funcionários seguiram o protocolo, entrando em contato com as forças de segurança e protegendo os visitantes.

Crédito, Getty Images
O grupo tentou incendiar o veículo do lado de fora, mas foi impedido pela intervenção de um funcionário do museu, acrescentou o Ministério da Cultura.
A ministra da Cultura, Rachida Dati, disse à emissora francesa TF1 que as imagens do roubo mostravam os ladrões mascarados entrando “calmamente” e quebrando as vitrines que continham as joias. Ninguém ficou ferido no incidente.
Ela descreveu os ladrões como aparentemente “experientes”, com um plano bem elaborado para fugir em duas motos.

Cerca de 60 investigadores estão trabalhando no caso e os promotores trabalham com a teoria de que os assaltantes estavam sob as ordens de uma organização criminosa.
A busca por quatro suspeitos está em andamento e os investigadores estão analisando as imagens das câmeras de segurança da rota de fuga.
Uma testemunha descreveu cenas de “pânico total” durante a evacuação do museu. Imagens posteriores mostraram as entradas fechadas com portões de metal.
Que joias foram roubadas?

Crédito, AFP via Getty Images
De acordo com as autoridades, oito itens foram levados, incluindo diademas (tiaras com joias), colares, brincos e broches. Todos são do século 19 e pertenceram à realeza francesa ou a governantes imperiais.
O Ministério da Cultura da França informou que os itens roubados foram:
- Uma tiara e um broche pertencentes à Imperatriz Eugênia, esposa de Napoleão 3º;
- Um colar de esmeraldas e um par de brincos de esmeraldas da Imperatriz Maria Luísa;
- Uma tiara, um colar e um brinco único do conjunto de safiras que pertenceu à Rainha Maria Amélia e à Rainha Hortense;
- Um broche conhecido como “broche relicário”
Essas peças são adornadas com centenas de diamantes e outras pedras preciosas.
Mais dois itens, incluindo a coroa da Imperatriz Eugênia, foram encontrados perto do local, aparentemente tendo sido deixados para trás durante a fuga. As autoridades estão examinando as peças para verificar se há danos.
O ministro do Interior, Laurent Nuñez, descreveu as joias roubadas como “inestimáveis” e “de valor patrimonial imensurável”.
“Há uma corrida acontecendo neste momento”, disse Chris Marinello, diretor executivo da Art Recovery International.
Coroas e diademas podem ser facilmente desmontados e vendidos em pequenas peças.
Os ladrões “não vão manter as joias intactas, vão quebrá-las, derreter o metal valioso, recortar as pedras preciosas e esconder as evidências do crime”, disse Marinello.
Seria difícil vender essas joias intactas, disse ele.
No início deste ano, os responsáveis do Louvre solicitaram ajuda ao governo francês para restaurar e renovar as salas de exposição envelhecidas do museu e proteger melhor as suas obras de arte.
Na época, o presidente francês Emmanuel Macron prometeu que o Louvre seria redesenhado como parte do projeto Nova Renascença, com um custo estimado entre € 700 milhões e € 800 milhões (R$ 4,3 bilhões a R$ 5 bilhões). O projeto inclui reforço da segurança.
Quando o Louvre reabrirá?
O Louvre permanece fechado na segunda-feira enquanto as investigações sobre o roubo continuam.
Em uma mensagem em seu site, o museu informou que os visitantes que já haviam reservado ingressos seriam automaticamente reembolsados.
Na segunda-feira, era possível ver policiais e seguranças ao redor da famosa entrada em forma de pirâmide de vidro do local. Barreiras de metal também foram instaladas.
Não foram fornecidas informações sobre quando o museu poderá reabrir ao público.
O Louvre está sempre fechado às terças-feiras, portanto, o mais cedo que poderia reabrir esta semana seria na quarta-feira.

Crédito, Reuters
O que as pessoas estão dizendo sobre o roubo?
O roubo causou um clamor político na França, com Macron chamando o ataque de “um ataque à nossa história”, o líder da Aliança Nacional, Jordan Bardella, disse que foi uma “humilhação intolerável” e Marine Le Pen, da Frente Nacional, chamou-o de “uma ferida na alma francesa”.
Já ocorreram roubos semelhantes anteriormente?
Em 1911, um funcionário de um museu italiano conseguiu roubar a Mona Lisa do Louvre levando-a debaixo do casaco depois de retirar a pintura — que na época era pouco conhecida do público — diretamente da parede de uma galeria.
Foi recuperada após dois anos e o culpado afirmou posteriormente que foi motivado pela convicção de que a obra-prima de Leonardo da Vinci pertencia à Itália.
Hoje em dia, há menos riscos com a Mona Lisa: a pintura, talvez a mais famosa da coleção do museu, está exposta em uma vitrine de alta segurança.
Em 1998, a obra Le Chemin de Sevres, uma pintura do século 19 de Camille Corot, foi roubada e nunca foi encontrada. O incidente levou a uma revisão completa da segurança do museu.
Recentemente, houve uma série de roubos em museus franceses.
No mês passado, ladrões invadiram o Museu Adrien Dubouche, em Limoges, e roubaram peças de porcelana avaliadas em 9,5 milhões de euros (R$ 59,5 milhões).
Em novembro de 2024, sete itens de “grande valor histórico e patrimonial” foram roubados do Museu Cognacq-Jay, na capital. Cinco foram recuperados há alguns dias.
No mesmo mês, assaltantes armados invadiram o Museu Hieron, na Borgonha, disparando tiros antes de fugirem com obras de arte do século 20 no valor de milhões de reais.
Fonte.:BBC NEWS BRASIL