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20 de dezembro de 2025

Saiba onde estão as praias mais sujas de São Paulo – 20/12/2025 – Cotidiano

Saiba onde estão as praias mais sujas de São Paulo – 20/12/2025 – Cotidiano

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Virou rotina para os técnicos da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) que analisam a água coletada semanalmente na praia do Perequê, em Guarujá, concluírem que ela está imprópria para banho.

Em 51 das 52 medições feitas de novembro de 2024 a outubro deste ano foi assim que ela se encontrava, cenário que também se repetiu nos anos anteriores. Desde 2020, ano em que as medições foram interrompidas na praia entre março e novembro devido à pandemia de Covid-19, somente em nove semanas a praia esteve própria para banho.

Mas ela não é a única nessas condições no litoral paulista, aponta o levantamento anual produzido pela Folha sobre a balneabilidade nas praias brasileiras.

No total, dos 175 pontos monitorados pela Cetesb —a maioria semanalmente—, 16 foram classificados como péssimos, ou seja, ficaram mais de 50% do tempo impróprios para banho.

Há casos em Ubatuba e Praia Grande em que, a exemplo de Perequê, praias ficaram ruins em mais de 40 semanas, e a bandeira vermelha passou a fazer parte do cenário desses locais.

Três pontos em Ubatuba, cidade com mais locais medidos pela agência ambiental paulista (35), estão nessas condições.

A praia de Itaguá tem dois pontos analisados semanalmente, ambos péssimos no período do levantamento. Em frente ao número 1.724 da avenida Leovegildo, 51 das 52 medições indicaram que a praia estava imprópria e, em frente ao número 240, em 47 semanas o local estava ruim.

No ponto de medição na foz do rio Itamambuca, 40 das 52 medições apontaram que o lugar não estava adequado para banhistas.

Já em Praia Grande, na Baixada Santista, Vila Tupi ficou imprópria em 44 semanas, e a praia da Aviação, em 38.

Gerente do setor de águas litorâneas da Cetesb, Cláudia Lamparelli afirmou que Perequê já foi alvo de discussões com a prefeitura em busca de identificar as fontes de produção da sujeira.

“Já há um trabalho da prefeitura buscando isso, fazendo análise de vários rios que chegam lá, o rio do Peixe, o rio Perequê, para ver de onde está vindo. A gente tem conversado com eles para tentar ver de onde está vindo essa contaminação”, disse.

A praia tem avaliação péssima desde 2016, em todos os levantamentos anuais feitos pela Folha. A diferença entre Perequê, em Guarujá, e Itaguá, em Ubatuba —ambas impróprias em 51 das 52 medições no ano—, é que a segunda, em anos anteriores, esteve limpa em mais semanas.

Para uma praia ser classificada como boa, é preciso que ela esteja própria para banho em 100% das medições. Para ser considerada regular, pode estar imprópria em até 25% das medições. Ou seja, se nas 52 medições anuais ela estiver imprópria em apenas uma semana, já será considerada regular.

Para ser classificada como ruim, tem de estar imprópria de 26% a 50% das medições. Acima disso, ela é considerada péssima.

A Prefeitura de Guarujá diz que investe em parcerias com a Sabesp e entidades para implantar iniciativas voltadas à melhoria da qualidade da água, do saneamento e da limpeza costeira.

Um exemplo é o programa “Mar sem Lixo”, desenvolvido com o governo estadual, que remunera pescadores artesanais a partir da apresentação de resíduos trazidos nas redes de arrasto. Em fevereiro, um mutirão retirou cerca de seis toneladas de lixo do manguezal do rio do Peixe –que deságua no Perequê.

A prefeitura diz ainda que a “morfologia natural da baía, somada ao fluxo de marés e às desembocaduras de rios e canais, favorece o acúmulo de poluentes próximo à faixa de areia”.

Está em andamento ainda, conforme a administração, a expansão do saneamento básico, com obras previstas para instalar 42,6 km de rede de esgoto nos bairros Perequê e Jardim Umuarama.

O biólogo, pesquisador e pescador Jorge Luís dos Santos, 55, disse que o quadro piora em períodos chuvosos e na alta temporada. “Bandeira vermelha é nosso estigma […] E é esgoto mesmo que provoca. Contagem de coliformes fecais.”

CONCENTRAÇÃO POPULACIONAL

O litoral paulista é dividido em três regiões: norte, Baixada Santista e sul. A Baixada concentra cerca de 82% dos habitantes, conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), enquanto o litoral norte abriga 16% dos moradores. Os 2% restantes estão no litoral sul.

Em Santos, a melhora apresentada no levantamento de 2024 —quando pela primeira vez desde 2016 duas praias ficaram regulares, após oito anos classificadas como ruins e péssimas— não teve continuidade neste ano.

Enquanto no ano passado cinco pontos foram classificados como ruins e dois como regulares, neste ano seis ficaram ruins e um foi considerado péssimo.

As praias de Aparecida e Embaré, que estavam regulares, agora estão ruins, ao lado de Gonzaga, Ponta da Praia e José Menino (com dois pontos de medição). Boqueirão, que era ruim, agora é péssima.

A gerente da Cetesb afirma que o cenário deste ano é semelhante ao histórico da cidade, e que o ano passado é que destoou do quadro devido à escassez de chuvas.

Apesar da piora em relação ao ano anterior, é um cenário menos grave que o de 2022 –quando todos os sete pontos foram classificados como péssimos– e 2023, ano em que houve quatro locais considerados péssimos.

Segundo a Prefeitura de Santos, resíduos sólidos urbanos nas praias são combatidos por ações como o programa Detecta, executado desde 2023 com a Sabesp, e a cidade tem ações que incluem educação ambiental, retirada de plásticos da administração pública, desassoreamento do rio dos Bugres e identificação das principais fontes de resíduos que chegam ao mar.

“Objetivo é ampliar as ações de saneamento, identificando ligações irregulares e analisando a água dos canais da cidade […] O trabalho inclui o teste de uma barreira com plantas aquáticas para redução da carga orgânica.”

Há, ainda, a construção de quatro estações elevatórias na zona noroeste para macrodrenagem (manejo das águas pluviais em larga escala)e eliminação de pontos de alagamento. A primeira teve o contrato assinado em outubro. As obras estão prestes a começar –com prazo para conclusão de 42 meses.

Em relação ao cenário de Ubatuba, a Cetesb afirma que a praia de Itaguá é um pouco mais complexa por ter vários rios que drenam uma área grande. Segundo a gerente do órgão ambiental, são necessários estudos específicos nos rios que drenam para a praia para buscar descobrir de onde vem a fonte de contaminação.

RISCOS

Nadar em áreas consideradas impróprias para banho pode provocar problemas de saúde, principalmente doenças gastrointestinais ou de pele, como micoses. Outros focos de contaminação, que não são considerados na análise, podem ser a presença de lixo na areia das praias, por exemplo –ou até desastres ambientais como o vazamento de óleo que atingiu o litoral nordestino em 2019.

Além de o banhista não entrar na água quando ela estiver imprópria, especialistas orientam que ele evite tomar banho no mar depois de chuvas intensas e também não banhar-se em locais que desaguem no mar.



Fonte.:Folha de S.Paulo

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