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25 de junho de 2025

Samba Junino é ritmo das festas em Salvador – 25/06/2025 – Guia Negro

Samba Junino é ritmo das festas em Salvador – 25/06/2025 – Guia Negro

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Na Bahia tem uma máxima de que as melhores festas de São João são aquelas das pequenas cidades do interior. Mas nem todas as pessoas de Salvador têm condições de viajar nessa época do ano para a festividade, que é tão importante na região Nordeste. Foi assim que a sanfona e a zabumba deram lugares a tambores e músicas com identidade negra que caracterizam o samba junino.

Moradores de bairros periféricos da capital baiana como Engenho Velho de Brotas, Fazenda Garcia, Tororó e Federação, que eram frequentadores de terreiros de candomblé, iniciaram o movimento na década de 1970. O samba duro, como é chamado o ritmo tocado, deriva do samba de roda do Recôncavo baiano e também dos sambas de caboclo dos terreiros de candomblé.

Os toques e cantigas carregam essa memória dos terreiros para as ruas, representando resistência e memória ancestral. Quando os batuques começam ninguém fica parado. Entre os instrumentos que marcam o ritmo estão o timbal, tamborim e surdo, que costumam ser acompanhados do cavaquinho, violão e trombone, além do xequerê (cabaça envolta por uma rede de contas).

A música baiana atual tem o samba junino como fonte de inspiração, enquanto músicos da Timbalada iam com instrumentos do ritmo para fazer ensaios no Candeal, o bloco afro Ilê Aiyê tem o samba junino na base. O ritmo é considerado pai do pagode baiano e de grupos da Axé Music como Gera Samba, Terra Samba e Companhia do Pagode.

O samba junino não ocorre apenas no mês que o batiza, começando nas periferias de Salvador no Sábado de Aleluia, quando vários grupos dão início aos ensaios, e vão até 2 de julho, data que marca a Independência da Bahia em 1823. Mas grupos como o Samba Trator, que arrasta centenas de fãs nas suas apresentações, executam o ritmo ao longo do ano todo.

Patrimônio

Em 2018, o Samba Junino foi reconhecido como Patrimônio Imaterial de Salvador e em 2020 entrou no calendário oficial de eventos da capital baiana, sendo comemorado no dia 17 de abril.

O 7º Festival de Samba Junino ocorre no próximo domingo (29), realizado pela Liga do Samba Junino, e conta com a participação de mais de vinte grupos do ritmo na Praça Marquês de Olinda, conhecida como final de linha do Bairro Garcia. O evento terá concursos de grupo, música, rainha, indumentárias e adereços, onde serão avaliadas as canções inéditas; melhor rainha sambadeira e desempenho geral do grupo incluindo figurino, repertório e envolvimento do público durante as apresentações.

No ano passado, o festival deixou de ser realizado por falta de patrocínios, mostrando a luta por visibilidade e a resistência que marcam a manifestação cultural. Após a realização do concurso, no dia 2 de julho, feriado na Bahia, será a vez de assistir ao Desfile dos Campeões com os arrastões dos grupos participantes na Avenida Almirante Alves Câmara, no Bairro Engenho Velho de Brotas.

No último dia 17 de junho foi inaugurada uma escola de Samba Junino com programas de formação e inclusão social por meio de oficinas gratuitas de percussão, canto, violão e expressão corporal, dirigidas a crianças, jovens e adultos. As formações ocorrem dentro do Instituto Cultural e Carnavalesco Mucum’G, localizado na Rua Padre Domingos de Brito, 4 D, Bairro do Garcia, em Salvador.

Já o documentário “Samba Junino – de porta em porta! (2019), de Fabíola Aquino, traz registros importantes e históricos sobre o ritmo. Como lembra o influenciador e mobilizador cultural baiano, Rafael Manga, o Samba Junino é o som que dança, denuncia e resiste.


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Fonte.:Folha de S.Paulo

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