O Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado de Mato Grosso (Sebrae/MT) reforçou seu protagonismo na COP-30, realizada em Belém/PA, participando de dois importantes painéis dedicados à adaptação climática e ao fortalecimento do empreendedorismo feminino no campo. A analista Técnica do Sebrae/MT, Camila Andrade, e a gerente do Centro Sebrae de Sustentabilidade (CSS), Tássia Gonçalves, contribuíram com análises técnicas e reflexões estratégicas sobre desafios urgentes enfrentados pelos pequenos negócios e sobre a presença crescente das mulheres na agenda de inovação agroambiental.

Os painéis, realizados na Arena Caixa e no Espaço Sebrae, na Green Zone, reuniram especialistas de instituições como FGVces, CEBDS, BNDES, Embrapa Soja, Ministério das Mulheres e Caixa Econômica Federal, reforçando a necessidade de articulação entre setor empresarial, governo e organizações de apoio para enfrentar os impactos das mudanças climáticas.

Adaptação climática, governança e relato empresarial

O painel organizado pelo FGVces aprofundou os avanços e desafios relacionados à transparência empresarial e à adoção de estratégias de adaptação climática pelas empresas brasileiras. Entre os temas discutidos, estiveram presentes: referenciais internacionais de relato, como o IFRS-S2; a Taxonomia Sustentável Brasileira; e o Programa Brasileiro de Relato Empresarial em Adaptação Climática (PBRA), que já reúne mais de 40 instituições públicas e privadas, incluindo o Sebrae/MT.

A analista Técnica Camila Andrade apresentou o panorama dos pequenos negócios brasileiros diante dos riscos climáticos, destacando dados recentes sobre percepção de risco, falta de processos formais de gestão e os impactos diretos de eventos extremos sobre as atividades produtivas.

“O desafio não está apenas em reconhecer a mudança do clima, mas em traduzir esse entendimento em gestão. Precisamos fortalecer o acesso a dados e fomentar instrumentos que permitam ao empreendedor planejar sua adaptação, e não apenas reagir às crises”, destacou.

Camila ressaltou ainda a necessidade de se desenvolver ferramentas e plataformas que auxiliem empresários a compreender riscos climáticos e estruturar estratégias de adaptação com base em diagnósticos consistentes. A discussão abordou também a importância de integrar governança corporativa, relatórios climáticos, mapeamento de riscos e decisões de investimento.

Mulheres que Regeneram: inovação agroambiental com liderança feminina

A gerente Tássia Gonçalves reforçou o papel estratégico das mulheres na transformação da agricultura brasileira, destacando experiências de agricultoras e empreendedoras de Mato Grosso que têm adotado tecnologias regenerativas, energia renovável, práticas de economia circular e gestão sustentável de propriedades rurais.

“As agricultoras têm liderado soluções que combinam conhecimento tradicional, tecnologia e visão de futuro. Quando ampliamos as oportunidades e o acesso à capacitação, fortalecemos um campo mais justo, resiliente e preparado para os desafios climáticos”, ressaltou a gerente.

O Sebrae/MT, por meio do CSS, tem apoiado agricultoras e pequenas produtoras na implementação de soluções de baixo carbono, no acesso à informação qualificada e no desenvolvimento de competências de gestão.

Tássia destacou ainda que, apesar de enfrentarem desafios como acesso a crédito, tecnologia e redes de apoio, as mulheres do campo têm desempenhado papel essencial na expansão de modelos produtivos regenerativos, contribuindo para a resiliência climática e a diversificação econômica dos territórios.

O debate, mediado por Sheila Guebara, diretora de Sustentabilidade da Seara, celebrou também a trajetória da pesquisadora Mariangela Hungria, vencedora do Prêmio Mundial da Alimentação 2025, referência global em ciência agroambiental. Ao lado da ministra das Mulheres, Márcia Helena Lopes, e da pesquisadora da Embrapa Soja, Carina Rufino.