SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Justiça absolveu neste domingo (31) sete policiais militares acusados de participar da chacina do Curió, que deixou onze mortos na Grande Messejana, em Fortaleza, em novembro de 2015. Os policiais foram submetidos a júri popular sob a acusação de omissão.
Segundo a denúncia do Ministério Público, os réus tinham dever legal de agir, mas não o fizeram. Eles estavam em serviço, em viaturas caracterizadas na região, e não tomaram medidas para impedir os assassinatos.
Entre os crimes listados pela Promotoria estão 11 homicídios consumados, todos duplamente qualificados por motivo torpe e mediante recurso que dificultou a defesa das vítimas, além de três tentativas de homicídio com as mesmas qualificadoras.
Também há denúncias de três crimes de tortura física e um de tortura psicológica.
Formado por sete jurados, o Conselho de Sentença da 1ª Vara do Júri de Fortaleza não acatou a tese do Ministério Público e decidiu pela absolvição dos policiais Daniel Fernandes da Silva, Gildácio Alves da Silva, Luís Fernando de Freitas Barroso, Farlley Diogo de Oliveira, Renne Diego Marques, Francisco Flávio de Sousa e Francisco Fabrício Albuquerque de Sousa.
O Ministério Público e a Defensoria Pública, que atuou como assistente de acusação, vão recorrer da decisão.
O julgamento começou no dia 25 e teve 77 horas de duração. O Poder Judiciário precisou adaptar e ampliar o salão do júri, com divisões de assentos para os grupos que acompanharam o caso -familiares, jornalistas, advogados e público em geral.
Este foi o quarto julgamento da chacina do Curió. O primeiro, em junho de 2023, terminou com a condenação de quatro réus. No segundo, em agosto de 2023, oito policiais foram absolvidos.
Já o terceiro, em setembro de 2023, resultou em condenações parciais, desclassificações e absolvições.
No total, os quatro julgamentos ocorridos até agora somam 300 horas, no caso mais longo da história da Justiça do Ceará.
O próximo júri está agendado para 22 de setembro, com três réus. Dos 30 acusados, 27 já foram julgados.
A denúncia inicial foi apresentada pelo Ministério Público em 14 de junho de 2016 contra 45 policiais militares. A peça, elaborada por 12 promotores, reuniu mais de 3.300 páginas, com depoimentos de 240 pessoas, além da análise de imagens de câmeras, mensagens, comunicações por rádio, dados de GPS e escutas telefônicas.
A chacina ocorreu entre a noite do dia 11 e a madrugada de 12 de novembro de 2015. A motivação, segundo os promotores, foi vingança pela morte do soldado Valtermberg Chaves Serpa, assassinado ao reagir a um assalto contra sua mulher. Os policiais teriam articulado uma retaliação, escolhendo vítimas de forma aleatória.
Fonte. .Noticias ao Minuto