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24 de setembro de 2025

Sobrado histórico de Machado de Assis corre risco de ruir – 24/09/2025 – Cotidiano

Sobrado histórico de Machado de Assis corre risco de ruir – 24/09/2025 – Cotidiano

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O sobrado onde morou Machado de Assis, na rua dos Andradas, 147, no centro do Rio de Janeiro, está no centro de uma ação civil pública do Ministério Público contra o município e o atual proprietário. O órgão quer que sejam tomadas medidas para conter a degradação do imóvel.

Segundo a 1ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa do Meio Ambiente e do Patrimônio Cultural da Capital, a casa está descaracterizada e em péssimo estado de conservação.

O escritor morou no local entre 1869 e 1871. O imóvel é tombado pelo patrimônio histórico e cultural municipal desde 2008, ano do centenário de sua morte.

A ação, distribuída para a 15ª Vara de Fazenda Pública da Capital, pede multa diária de R$ 10 mil em caso de descumprimento das medidas solicitadas à Justiça.

O sobrado está em área de proteção do ambiente cultural. Fica no entorno de bens tombados pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

A ação civil pública exige a restauração da fachada, cobertura e volumetria do imóvel. Segundo o Ministério Público, há risco de colapso do que sobrou da fachada.

A promotoria pediu à Justiça medidas emergenciais para garantir a segurança estrutural, limpeza, conservação, guarda, reparação e restauração integral do imóvel, usado atualmente como estacionamento.

Machado e a mulher, Carolina Augusta Xavier de Novais, moraram no sobrado logo após o casamento. A biógrafa Lúcia Miguel Pereira encontrou em 1955 um bilhete do escritor, com data de 19 de novembro de 1869, em que ele faz um relato ao amigo Ramos Paz sobre as dificuldades financeiras “na casa da Rua dos Andradas”.

Outros sete endereços são apontados como possíveis moradias de Machado de Assis, segundo estudo publicado pela Prefeitura do Rio no centenário da morte do escritor.

Um deles, também tombado, é um imóvel na rua da Lapa, número 242. De acordo com o biógrafo Raymundo Magalhães Jr., o casal morou no segundo andar do sobrado entre 1874 e 1875.

Além do centro e da Lapa, ele viveu também no Catete, em Laranjeiras e no Cosme Velho, onde morreu.

“Não tem como fugir: por todos os cantos do Rio de Janeiro há um Machado atravessando a rua. As lentes do Bruxo do Cosme Velho não deixaram escapar nada. Os costumes, a moral, a falta de moral, a elite e a ralé, a mediocridade, os grandes sonhos e os pequenos pecados, os palácios e as modestas construções, tudo foi visto, revisto e previsto por ele”, diz trecho do parecer da conselheira Natércia Rossi, relatora do processo que declarou a obra do escritor patrimônio cultural carioca, em 2008.



Fonte.:Folha de S.Paulo

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