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17 de agosto de 2025

Sono polifásico: por que “picotar” as horas dormidas é uma péssima ideia

Sono polifásico: por que “picotar” as horas dormidas é uma péssima ideia

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Se você vive sua rotina como a maioria da população mundial, a forma como distribui seu sono é bastante simples: um longo período contínuo, geralmente à noite, passando o resto do tempo acordado. É o chamado sono monofásico (que pode ser bifásico se você tira, por exemplo, uma sonequinha à tarde).

Mas existe um número crescente de pessoas que vêm tentando algo diferente há algumas décadas: o chamado sono polifásico, que consiste em fatiar o período que você dorme em vários pequenos intervalos distribuídos ao longo do dia.

A ideia não é nova (estudos nesse sentido são feitos há quase um século), mas de tempos em tempos ela volta a surgir nas redes sociais como uma “descoberta revolucionária” que pode mudar sua vida.

A promessa é sedutora para quem sente que não tem horas suficientes para fazer tudo o que quer: com o sono polifásico, garantem os entusiastas, seria possível dormir pouquíssimas horas por dia – alguns modelos falam em apenas duas horas de sono somadas – e ainda assim se manter desperto e bem no resto do tempo.

Até o momento, porém, a ciência não confirma nenhum dos benefícios alegados pelos defensores do sono polifásico.

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+Leia também: Ciclo do sono: saiba como funciona e como dormir melhor

Quais os riscos do sono polifásico?

O sono polifásico não consegue atingir os níveis reparadores que seu corpo e mente precisam para funcionar bem. Em 2021, a National Sleep Foundation dos EUA publicou um consenso com base em uma ampla revisão de estudos sobre esse tipo de sono, concluindo que ele não traz benefícios e, pelo contrário, aumenta os riscos de uma série de problemas de saúde.

“Não encontramos evidência apoiando benefícios de seguir cronogramas de sono polifásico. Com base na evidência atual, a opinião consensual é que o sono polifásico, e a deficiência de sono inerente a esse cronograma, estão associados a uma variedade de resultados adversos na saúde física, saúde mental e performance“, escreveram os autores.

Com o passar do tempo, o sono polifásico leva a uma privação de sono crônica, um quadro associado a alterações no ritmo circadiano, na liberação de hormônios e na forma como o organismo opera ao longo do dia. Há sintomas imediatos como alterações na pressão arterial e crises de ansiedade, e um risco aumentado de problemas crônicos como depressão, doenças cardíacas, obesidade e diabetes, entre outras.

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A contraindicação vale para todos os regimes de sono polifásico tipicamente propagandeados nas redes.

Pode haver benefícios?

Não há estudos que atestem as supostas vantagens do sono polifásico. A prática é desaconselhada por especialistas.

Em alguns momentos da vida, necessidades extraordinárias podem fazer com que seu sono seja “picotado” ao longo do dia, algo que pais de recém-nascidos sabem bem. Há impactos para a saúde, mas eles não se estendem a longo prazo desde que essa realidade seja temporária.

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Além disso, alguns estudos vêm argumentando que o aumento pontual da prolactina (hormônio que regula a produção do leite) poderia facilitar um sono mais reparador em mulheres no puerpério, mesmo dormindo ao longo de durações menores do que seria necessário em outros momentos da vida.

Ou seja: excepcionalmente e em situações bem específicas, até é possível sustentar uma rotina de sono desregulada, sempre com a consciência de que essa alteração precisa ser passageira.

A mudança não deve permanecer de forma crônica ao longo dos anos, sob risco de causar impactos duradouros na saúde. E convém não confundir: uma situação ser “suportável” não significa que ela seja saudável.

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Fonte.:Saúde Abril

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