É superlativo tudo o que envolve o Star of the Seas, navio da Royal Caribbean inaugurado no último fim de semana. Este é o maior cruzeiro do mundo, com 40 bares e restaurantes, sete piscinas, seis toboáguas, um cassino e um musical do West End, vindo de Londres para divertir os passageiros quando o sol se põe. Afinal, a festa não para e, como num videogame, dia e noite não significam início ou fim.
Para fazer logo aquela comparação que é inevitável quando o assunto é navio, o Star of the Seas é um terço maior do que o Titanic, leva o triplo de passageiros e pesa cinco vezes mais. Mas em seus 20 andares há algo diminuto também: a proporção de um funcionário para cada três turistas, em média —são 7.600 hóspedes para 2.350 empregados.
O cruzeiro inaugural, no qual a reportagem viajou, não estava em sua ocupação máxima, mas a promessa da Royal Caribbean ao contratar tantos trabalhadores é a de que o navio ofereça um serviço sem filas ou demora. Além disso, há organização. À noite, por exemplo, para acomodar todos nos restaurantes mais sofisticados, cada quarto tem um local e horário designados já no cartão de embarque para o jantar.
A sensação, aliás, é inescapavelmente a de estar preso ao relógio. Do contrário, não seria possível experimentar nem sequer metade do que o navio tem a oferecer, mesmo que cada viajante tenha seus interesses ou ainda que faça roteiros mais longos.
Os shows de patinação (“Sol”) e acrobacias aquáticas (“Torque”), de 45 minutos cada, são boas opções de entretenimento, sobretudo para famílias com crianças que não podem se divertir apenas nos bares. Há ainda o musical inspirado na trilogia “De Volta para o Futuro“, de quase duas horas, que não deixa nada a desejar em relação às versões apresentadas em Londres ou em Nova York, na Broadway. A dica é reservar os ingressos, que são gratuitos, pelo aplicativo da Royal Caribbean, já que eles se esgotam rapidamente.
Mas imperdível mesmo talvez seja aquilo que não é possível encontrar fora deste grande shopping center que é o Star of the Seas —a mistura de tons de azul, do royal ao turquesa e todas as gradações que existem entre eles. É algo que se pode ver pelas imensas janelas do navio e, melhor ainda, nas paradas que ele faz pelo caminho.
A partir de Port Canaveral, porto localizado a cerca de 70 quilômetros do aeroporto de Orlando, a ilha CocoCay, nas Bahamas, é a parada obrigatória do navio —não à toa, já que ela é propriedade da Royal Caribbean.
De certa forma, é um espelho do próprio Star of the Seas, com incontáveis toboáguas, piscinas, bares e restaurantes. A comida e a bebida, mais simples do que as oferecidas a bordo, estão inclusas na maioria dos pacotes, mas há atividades pagas à parte.
Para usar os toboáguas, por exemplo, é preciso desembolsar de US$ 93 a US$ 199, ou de R$ 493 a R$ 1.091; a tirolesa sai a partir de US$ 93; o snorkeling, de US$ 36; e o jet ski, de US$ 103. Também existem áreas restritas a uma taxa extra, caso da Hideaway Beach, mas não há grande diferença no serviço nem na paisagem.
Talvez seja melhor guardar esses dólares. Afinal, não é difícil que o pacote com todas essas atrações ultrapasse os R$ 2.000, valor com que é possível comprar ingressos para curtir ao menos três dias em Orlando, para ater as comparações a parques de diversão.
A viagem em si, aliás, varia de R$ 6.174 a R$ 10.514 por pessoa, em quarto duplo —o preço muda conforme os roteiros, que vão de três a sete dias. Isso na cabine mais simples, é claro; na mais luxuosa, que tem um tobogã no meio da sala, conectando o andar de cima ao de baixo, o pacote pode chegar a US$ 100 mil.
Desviar de tudo o que é pago à parte, porém, não é má ideia. Ao direcionar o olhar para fora dos toboáguas e das piscinas, há um mar de coloração muito mais clara do que aquela que vemos nas praias do Nordeste —no Brasil, o de Fernando de Noronha talvez seja o único capaz de competir com o das Bahamas.
E não precisa se preocupar com ondas. Mesmo na ilha CocoCay não há riscos —além de haver salva-vidas por todo lado. Se a segurança atai, a ausência de um mar aberto pode frustrar aqueles que apreciam um mergulho mais intenso, já que as saídas para o mar não têm mais do que um metro e meio de profundidade.
A promessa é que as outras paradas, às quais a reportagem não teve acesso, sejam diferentes disso. Em roteiros mais longos, o Star of the Seas pode atracar em San Juan, capital de Porto Rico, o destino mais quente do momento no Caribe, dada a popularização da ilha pelo cantor Bad Bunny; em São Martinho, em São Cristóvão e Névis, no Haiti, nas Ilhas Virgens Americanas e no México.
Em locais artificiais ou não, as paradas são um escape bem-vindo e um descanso para os olhos, já que a grande quantidade de cores e sabores que há dentro do navio pode pesar a vista. Ver o mar do Caribe de pertinho, de toda forma, nunca é demais.
O jornalista viajou a convite da Royal Caribbean
Fonte.:Folha de S.Paulo