12:56 PM
31 de julho de 2025

Técnico do TJ é considerado o facilitador do esquema milionário do TJ; está foragido

Técnico do TJ é considerado o facilitador do esquema milionário do TJ; está foragido

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Durante coletiva de imprensa realizada na manhã desta quarta-feira (30),  o delegado Pablo Gustavo Borges, da Delegacia Especializada de Estelionato de Cuiabá, apresentou os principais detalhes da Operação Sepulcro Caiado, que investiga um sofisticado esquema de fraudes envolvendo servidores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), advogados e empresários.

O técnico judiciário do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), identificado como Mauro Ferreira Filho nas investigações como uma das peças-chave no esquema milionário de fraudes desvendado pela Operação Sepulcro Caiado, é agora considerado foragido da Justiça.

Segundo a Polícia Civil, o servidor público teve a prisão decretada após ser apontado como facilitador das ações do grupo criminoso, utilizando seu cargo para manipular processos e viabilizar desvios milionários.

Além da prisão preventiva, foram determinadas busca e apreensão na residência de Mauro, que fica no Condomínio Florais, Ribeirão do Lipa, em Cuiabá. Os policiais vasculharam o local para cumprir a detenção do servidor, no entanto, ele não havia dormido em casa.

Segundo a autoridade policial, a equipe da delegacia segue à procura do criminoso, que atualmente está lotado na Divisão de Educação Financeira, recebendo um salário líquido de R$ 16.706,40.

A operação policial revelou um complexo esquema que envolvia empresários, servidores públicos e profissionais liberais em fraudes contra os cofres públicos, principalmente em contratos e sentenças manipuladas judicialmente. Durante o cumprimento dos 160 mandados judiciais, 11 pessoas foram presas, mas o técnico do TJMT não foi localizado pelas equipes da Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor).

De acordo com o delegado responsável pelo caso, o servidor teria usado acessos privilegiados e sua função dentro do Judiciário para liberar processos de forma irregular e acelerar decisões favoráveis ao grupo criminoso.

A corregedoria do TJMT confirmou que o servidor está afastado preventivamente de suas funções e instaurou processo disciplinar para apurar a conduta. A Justiça já expediu mandado de prisão preventiva e notificou órgãos de segurança em todo o país para tentar localizar o investigado.

“Ele tinha acesso, era atribuição dele fazer essa movimentação de valores que eram oriundos da conta única, da conta antiga, para processos recentes, e fazer a vinculação. Isso existe, é um procedimento que comumente é feito  no Tribunal da Justiça, só que ele, aproveitando da facilidade do cargo, até por isso também que ele vai responder pelo crime de peculado, ele forjava algumas planilhas e incluía nas planilhas verdadeiras esses processos que foram constatados como fraudulentos”, detalhou o delegado.

Questionado sobre a possibilidade da informação de que a operação possa ter vazado e por isso o servidor conseguiu fugir, o delegado afirmou acreditar que não é o caso e comemorou o resultado positivo da ação.

“Eu não acredito que vazou porque se tivesse vazado, os outros cúmplices dele também, com certeza, seriam avisados Então, assim, a taxa de efetividade a gente acredita foi muito alta, 10 de 11. Acho que foi só a sorte dele”, finalizou o delegado responsável pelo caso.

Entenda como funcionava o esquema

O delegado explicou que o grupo criminoso ajuizava ações de cobrança baseadas em títulos extrajudiciais falsos — como notas promissórias e cheques  sem o conhecimento das supostas vítimas. Em seguida, inseriam comprovantes de depósito judicial forjados nos autos, criando uma aparência de quitação, embora os valores nunca tivessem sido pagos.

No papel, isso permitia que um servidor do TJMT transferisse valores da Conta Única para a conta vinculada ao processo, viabilizando o resgate de alvarás judiciais sem lastro real.

Servidor foragido e outras prisões

O servidor apontado como peça-chave no esquema é o único alvo não localizado até o momento, considerado foragido. Segundo o delegado, ele utilizava acesso privilegiado ao sistema do TJ para movimentar valores antigos da Conta Única para os processos fraudulentos, gerando saldos falsos que respaldavam os alvarás ilegítimos

“O servidor não dormiu na casa dele, mas as equipes continuam na rua para tentar efetivar a prisão dele”, afirmou Borges. Ele descartou a possibilidade de vazamento da operação: “uma taxa de efetividade… foi muito alta, 10 de 11” .

Vítimas e perfis dos acusados

Entre as vítimas está uma pessoa interditada judicialmente por esquizofrenia, cujo nome foi usado em processos sem autorização. Houve casos em que dívidas originais de R$ 100 mil foram falsamente quitadas em valores que chegaram a R$ 1,8 milhão .

Foram presos sete advogados e outros profissionais ligados ao esquema, incluindo João Gustavo Ricci Volpato (identificado como líder), além de advogados como Wagner Vasconcelos de Moraes e Rodrigo Moreira Marinho, este último preso ao chegar espontaneamente à delegacia designado pela OAB .

Notas do TJ MT E  OABMT

O Tribunal de Justiça de Mato Grosso informou que colabora integralmente com as investigações e instaurará processos disciplinares internos contra servidores suspeitos, garantindo ampla defesa e contraditório.

A instituição destaca que adota rigorosos mecanismos de controle e transparência, visando prevenir quaisquer tipos de inconformidades. Ressalta ainda que repudia veementemente qualquer prática que atente contra a integridade institucional e o interesse público. Ressalta ainda que repudia veementemente qualquer prática que atente contra a integridade institucional e o interesse público

Por sua vez, a OAB-MT declarou que acompanha os procedimentos por meio do Tribunal de Defesa das Prerrogativas e que tomará medidas éticas contra os advogados investigados, além de exigir informações formais sobre sua atuação no caso.


 Panorama geral da investigação

AspectoDetalhes
Prejuízo estimadoMais de R$ 21 milhões
Mandados cumpridos160+ (prisão, busca, bloqueios, quebras de sigilo)
Prisões efetuadas10 (incluindo advogados, empresários e servidor)
ForagidoUm servidor do TJMT com papel central no esquema
Período das fraudesAproximadamente 2018–2022
VítimasPessoa interditada e outras sem ciência dos processos
Instituições envolvidasPolícia Civil, TJMT e OAB-MT


Operação Sepulcro Caiado, nome derivado de uma expressão bíblica que remete a algo aparentemente íntegro por fora e corrupto por dentro, expôs um esquema organizado que se aproveitava da aparência da legalidade institucional para fraudar processos judiciais. O delegado Pablo Borges destacou que, embora a investigação avance com alta eficácia, a busca pelo servidor foragido continua, e a polícia trabalha para identificar eventuais outros envolvidos e possíveis novas fases da operação.

Além de Mauro, os outros alvos de prisão preventiva são:

Wagner Vasconcelos de Moraes – advogado
Melissa França Praeiro Vasconcelos de Moraes – advogado
João Gustavo Ricci Volpato – empresário e ex-secretário de Habitação de Cuiabá
Luiza Rios Ricci Volpato – sócia de João Gustavo na empresa credora
Augusto Frederico Ricci Volpato – sócio de João Gustavo na empresa credora
Rodrigo Moreira Marinho – advogado e conselheiro estadual da OAB-MT
Themis Lessa da Silva – advogado
João Miguel da Costa Neto – advogado
Régis Poderoso de Souza – advogado, irmão do promotor Mauro Poderoso e já foi membro da comissão de avaliação para revisão da planta genérica de Várzea Grande
Denise Alonso – advogada





Fonte.: MT MAIS

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