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O primeiro ato do presidente sobre a Venezuela, em fevereiro, foi designar organizações criminosas do país como grupos terroristas. Isso abriu caminho para deportações nos EUA de dezenas de venezuelanos — que foram acusados pelo governo americano de integrarem esses grupos. As deportações acabaram suspensas por uma decisão da Justiça americana.
Em agosto, os EUA aumentaram a recompensa por informações que levassem à prisão do presidente Nicolás Maduro; e começaram a enviar navios, jatos e um submarino nuclear ao mar do Caribe.
Em setembro, forças americanas começaram a atacar barcos no Caribe e no Pacífico. O governo americano diz que as embarcações estavam transportando drogas da América do Sul para os EUA.
Mais recentemente, há relatos de conversas telefônicas entre Trump e Maduro — com um ultimato do governo americano para que o venezuelano deixe o país. Os EUA também autorizaram operações especiais da agência de inteligência CIA na Venezuela e ameaçaram realizar uma ação terrestre no país.
No final de novembro, o governo americano fechou o espaço aéreo venezuelano. Cidadãos americanos receberam a recomendação de não visitar a Venezuela ou deixar o país, caso estejam lá.
Confira abaixo a cronologia do aumento das tensões entre EUA e Venezuela.
A cronologia da tensão EUA-Venezuela
O governo de Donald Trump designou oito organizações criminosas como grupos terroristas. Entre elas está o venezuelano Tren de Araguas.
Os EUA deportaram mais de 200 venezuelanos acusados de participar do Tren de Aragua. Eles foram enviados por avião a El Salvador, cujo governo teria recebido pagamentos para manter os venezuelanos em suas prisões.
Um total de 252 venezuelanos que haviam sido deportados dos Estados Unidos em março e estavam no Centro de Confinamento de Terroristas (Cecot), uma prisão de segurança máxima em El Salvador, foram enviados à Venezuela.
Em troca, o governo de Nicolás Maduro libertou dez cidadãos americanos detidos na Venezuela e um número não especificado de venezuelanos que Washington considera presos políticos.
Ele afirmou que a embarcação estava em águas internacionais, no sul do Mar do Caribe, e transportava drogas ilegais com destino aos EUA. A ação tinha como alvo membros da gangue venezuelana Tren de Aragua.
Na sua rede social Truth Social, Trump escreveu: “O ataque resultou em 11 terroristas mortos em ação. Nenhum militar americano foi ferido. Que isso sirva de aviso para qualquer um que esteja pensando em trazer drogas para os Estados Unidos da América. Cuidado!”

Crédito, DONALD TRUMP/TRUTH SOCIAL
Segundo Trump, a operação resultou na morte de três homens e nenhum militar americano ficou ferido durante o ataque. Mais cedo naquele dia, Trump havia declarado que o país continua recebendo muitos carregamentos de drogas e que “muitos deles vêm da Venezuela”.
Três pessoas foram mortas no terceiro ataque do mesmo tipo no mar do Caribe. Trump alegou que elas trabalhavam para uma “organização terrorista” não especificada.
O documento afirma que Trump considera os cartéis de drogas grupos armados não estatais e que suas ações equivalem a “um ataque armado contra os EUA”.
Na mesma semana, Trump havia dito que seu governo está considerando atacar as operações de cartéis de drogas “que chegam por terra” aos EUA vindos da Venezuela.
Os EUA anunciam terem realizado o quinto ataque a barcos, que teria matado seis homens no Caribe.
Trump afirma que informações de inteligência indicavam que a embarcação estava “traficando narcóticos” e “estava associada a redes ilícitas de narcoterrorismo”.
Esse tipo de operação ocorre, por exemplo, quando serviços militares ou de inteligência realizam ataques ou assassinatos em outro país — mesmo que os exércitos dos dois países não estejam combatendo diretamente um ao outro.
Trump disse que os EUA “estão analisando operações em terra” enquanto consideram novos ataques na região.
EUA realizam o sexto ataque a barcos no mar do Caribe. Duas pessoas teriam morrido e outras duas teriam sobrevivido. Os sobreviventes foram encaminhados para Colômbia e Equador.
Sétimo ataque dos EUA a embarcações no mar do Caribe, com morte de três pessoas — EUA alegam que elas tinham relações com a Colômbia.
EUA lançam seu oitavo ataque contra uma embarcação supostamente envolvida com narcotráfico, matando duas pessoas. Pela primeira vez o ataque acontece no Oceano Pacífico.
Nono ataque dos EUA a embarcações, com três mortes. É o segundo ataque no Pacífico.
Décimo ataque dos EUA, desta vez próximo ao litoral da Venezuela. O governo americano diz que a embarcação pertencia ao Tren de Aragua.
Já foram enviados outros navios de guerra, um submarino nuclear e aeronaves F-35.
Três ataques a barcos — a maior ação americana até o momento — mataram 14 pessoas no Pacífico.
O secretário de Defesa, Pete Hegseth, afirmou que os EUA atacaram quatro supostos barcos de narcotráfico.
No 14º ataque americano, Hegseth afirma que os militares dos EUA mataram quatro pessoas em um barco que transportava drogas no Pacífico Oriental.
Hegseth publica outro vídeo anunciando o 15º ataque. Segundo o secretário, a embarcação no Caribe era operada por uma organização terrorista cujo nome não foi revelado. Três pessoas teriam morrido.
No 16º ataque conhecido, Hegseth afirma que duas pessoas morreram a bordo de um barco no Pacífico.
Hegseth anuncia o 17º ataque, com três mortes.
Mais dois ataques americanos a embarcações no Pacífico, com seis mortes.
O 20º ataque americano mata mais quatro pessoas.

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Três pessoas morrem em mais um ataque no Pacífico.
Designar organizações como grupos terroristas concede às forças policiais e militares americanas maiores poderes para alvejá-las e desmantelá-las.
Segundo o jornal, Trump e Maduro discutiram uma possível reunião entre ambos, nos Estados Unidos, embora o país norte-americano continue ameaçando uma ação militar contra a Venezuela.
Um porta-voz da Casa Branca se recusou os pedidos do jornal de comentar a conversa entre Trump e Maduro. O governo venezuelano também não respondeu ao pedido de comentários do Times.
No entanto, duas pessoas próximas do governo venezuelano confirmaram aque a ligação entre os dois líderes aconteceu. Nenhuma delas quis se identificar por não estar autorizada a falar publicamente sobre o assunto.
“A todas as companhias aéreas, pilotos, narcotraficantes e traficantes de pessoas: por favor considerem o espaço aéreo acima e ao redor da Venezuela fechados em sua totalidade”, escreveu na rede social Truth Social.
O governo venezuelano acusou Trump de fazer uma “ameaça colonialista”. O Ministério das Relações Exteriores classificou a declaração como “mais uma agressão extravagante, ilegal e injustificada contra o povo venezuelano”.

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“Sabe, por terra é muito mais fácil, muito mais fácil. E nós sabemos as rotas que eles [traficantes] usam. Sabemos tudo sobre eles. Sabemos onde moram. Sabemos onde os caras maus moram, e vamos começar isso muito em breve também”, disse o presidente americano na Casa Branca.
No dia seguinte, o governo americano recomendou a seus cidadãos que não viajem para a Venezuela e, para aqueles que estão no país sul-americano, que tentem sair de lá.
Quatro pessoas morrem que seria o 22º ataque americano a barcos suspeitos de narcotráfico. O ataque aconteceu no Pacífico.
Fonte.:BBC NEWS BRASIL


