“A tecnologia de CAR-T tem potencial para ser um verdadeiro divisor de águas no tratamento oncológico, proporcionando uma resposta real para pacientes com prognósticos menos otimistas.” A avaliação, feita em artigo da revista Veja, é de Jayr Schmidt Filho, hemato-oncologista e líder do Centro de Referência em Neoplasias Hematológicas do A.C. Camargo Cancer Center, em São Paulo.
O especialista se refere à terapia cujo nome é o acrônimo em inglês para receptor de antígeno quimérico e que tem como pilar a reprogramação, em laboratório, de linfócitos T, células de defesa coletadas do próprio paciente. Ao serem reintroduzidas na corrente sanguínea, por meio de infusão, elas reconhecem e combatem o câncer.
Para ter uma ideia da magnitude dessa inovação na oncologia, em recente estudo publicado no periódico Nature Medicine, pesquisadores de instituições americanas relatam que pacientes com neuroblastoma, um câncer pediátrico agressivo, alcançaram controle da doença a longo prazo após receber as células CAR-T, incluindo um indivíduo que está em remissão da doença há mais de 18 anos.
No Brasil, a terapia foi aplicada pela primeira vez em 2019, ainda em fase experimental, de forma compassiva, em um homem tratado no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP).
Como a complexidade da tecnologia eleva os custos e dificulta o acesso – parte do processo até pouco tempo era realizada somente em laboratórios estrangeiros –, uma parceria entre o Instituto Butantan, a USP e o Hemocentro de Ribeirão Preto vem possibilitando a produção de CAR-T 100% brasileira.
A ratificação da segurança da terapia nacional pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) permitiu o avanço para novas fases de estudos clínicos, abrindo a perspectiva de que no futuro o tratamento possa ser oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Até o momento merecendo reconhecimento pelos resultados promissores em cânceres hematológicos, como linfoma, leucemia e mieloma múltiplo, a CAR-T começa a progredir também no manejo de tumores sólidos.
A novidade foi um dos destaques da edição 2025 do congresso organizado pela Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco), que todo ano reúne as maiores lideranças em diagnóstico, tratamento e prevenção do câncer.
No encontro, pesquisadores chineses divulgaram a boa resposta da terapia em tumores gástricos, aumentando em cerca de 40% a sobrevida de pessoas tratadas com CAR-T em comparação àquelas que passaram por tratamento convencional.
Descobertas e avanços em tratamentos nas mais diferentes áreas da medicina estão no radar do Prêmio Veja Saúde Oncoclínicas de Inovação Médica, que apresentará os ganhadores da edição 2025 no dia 5 de setembro. Acompanhe no site de VEJA SAÚDE e na página da premiação, clicando aqui.
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Fonte.:Saúde Abril