THAÍSA OLIVEIRA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A senadora Tereza Cristina (PP-MS), ex-ministra da Agricultura no governo Bolsonaro, defendeu a continuidade das negociações com os Estados Unidos e afirmou nesta quarta-feira (30) ser positiva a lista de exceções feita pelo governo de Donald Trump aos produtos brasileiros.
“Vamos acompanhar essa taxação de 50%, agora marcada para o dia 6 de agosto, e temos de analisar com calma a lista de exceção da nossa pauta de exportação. Nós vamos ter muito tempo ainda de negociação”, disse, em nota.
“Precisamos ver como ficarão esses produtos muito importantes para os dois mercados”, afirmou a senadora, defendendo ainda a atuação da comissão de oito senadores que esteve nos Estados Unidos para tratar do tema com empresários e parlamentares.
Assim como Tereza, o ex-vice-presidente da República de Bolsonaro, senador Hamilton Mourão (Republicanos-MS), falou da necessidade de maior negociação ao ser questionado sobre as consequências do tarifaço -sem citar a aprovação de uma anistia aos envolvidos no 8 de janeiro.
“Precisamos negociar, mas também considero ser uma oportunidade para o país romper o imobilismo e realmente se abrir para o comércio internacional, deixando de ser um dos mais fechados do mundo”, disse. “A prudência recomenda aguardar os próximos dias para chegarmos a uma conclusão.”
Seguindo o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), outros bolsonaristas insistiram na aprovação de uma anistia aos golpistas de 8 de janeiro -que poderia beneficiar Bolsonaro- para reverter a taxação aos produtos brasileiros.
Apesar disso, cardeais do Senado descartam a possibilidade e afirmam haver disposição para aprovar eventuais medidas do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) diante da taxação de 50% imposta por Trump a produtos brasileiros a partir do próximo dia 6.
“Aqueles que têm compromisso com o país, patriotismo, vão ter que colaborar com o governo. Precisam se associar, se unir, ver a solução para as empresas e outras ações”, afirmou o senador Otto Alencar (PSD-BA), presidente da Comissão de Constituição e Justiça.
“Acho que os outros [oposicionistas] vão ter mais juízo para não criar problema, se mais matérias forem encaminhadas para o Congresso. Quem se dobrar a essa pressão que eles estão fazendo por anistia não é capaz de manter nossa autonomia, nossa altivez”, completou.
O decreto americano isenta quase 700 produtos, dentre alimentos, como suco de laranja, minérios e aviação civil. A Bolsa reagiu favoravelmente às exceções, com a Embraer registrando alta de 10%. O dólar, que subia fortemente, recuava após o anúncio.
O comunicado de Trump cita o nome de Bolsonaro e diz que ele sofre perseguição do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). O texto não faz qualquer menção ao comércio bilateral entre Brasil e EUA.
Além de confirmar a sobretaxa aos produtos brasileiros nesta quarta, o governo estadunidense impôs sanções econômicas a Moraes por meio da chamada Lei Magnitsky.
A lei determina o congelamento de qualquer bem ou ativo que Moraes tenha nos Estados Unidos, e pode proibir entidades financeiras americanas de fazerem operações em dólares (o que inclui as bandeiras de cartões de crédito Mastercard e Visa, por exemplo).
Presidente da CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado, Renan Calheiros (MDB-AL) manifestou solidariedade a Moraes e disse ser indevida a tentativa de pressionar o Brasil por meio da taxação a produtos importados.
“Continua indevida essa intromissão [do Trump] nas questões internas do país, no funcionamento dos Poderes. E é pior em função do fato de ele [Trump] não querer conversar. Porque, além de tudo, você não prioriza a conversação, em que cada Estado defende o seu interesse.”
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Fonte Noticias ao Minuto