São Paulo
Maior evento drag queen da América Latina, o The Realness Festival acontece neste sábado (16), em São Paulo. Será a 4ª edição do festival, que celebra a cultura drag e reúne algumas das performers mais influentes da cena internacional e brasileira, com nomes como Symone, Shea Couleé, Sasha Velour, Sasha Colby, Grag Queen e Silvety Montilla.
No palco, artistas reconhecidas mundialmente se encontram com drags em ascensão no Brasil, atuando como uma vitrine que conecta gerações e estéticas e aproxima nomes consagrados de novas vozes da cena.
Uma das atrações mais aguardadas é a americana Symone, vencedora da 13ª temporada de RuPaul’s Drag Race. Ela chega a São Paulo para sua primeira vez no Brasil —e na América do Sul— com a expectativa nas alturas. “Ser convidada para este tour com tantas garotas incríveis significa tudo para mim”, diz em entrevista ao F5.
Ela promete aos fãs brasileiros um número inédito e outro já consagrado de seu repertório —um dos seus favoritos, diz. “Gosto de fazer histórias nas minhas apresentações”. Se para Symone a novidade é a estreia, a também americana Shea Couleé retorna ao festival depois de ter participado da primeira edição, e prepara uma performance inédita para o país.
“Quando vim, tive uma experiência inesquecível. Os fãs e o festival em si são incríveis”, afirma. Ela conta que está ansiosa para reencontrar o público brasileiro, conhecer novas artistas e se apresentar ao lado de nomes com quem ainda não dividiu o palco, como Jules Sparkles. “Estamos trocando mensagens sobre o quanto estamos empolgadas para trabalhar juntas.”
Symone ainda não teve contato presencial com drags brasileiras, mas conhece a cena pela internet e destaca sua identidade única. “As cores, a dança, a energia… é muito diferente do drag americano. Vem da cultura e da história de vocês, e isso é muito especial.”
Shea, vencedora da 5ª temporada All Stars, também enxerga o The Realness como um espaço para exibir a diversidade da arte drag, contrariando percepções limitadas sobre o gênero.”O talento no Brasil é incrível. Os stunts, os flips, a entrega… é sempre emocionante ver isso”, elogia
O encontro com o público brasileiro é apontado pelas duas como um dos pontos altos do festival. Symone conta que sempre recebeu mensagens pedindo para que viesse ao país e que a expectativa a acompanhou durante toda a carreira. “Eu adoro a energia do público. Se eu posso sentir isso, vou devolver ainda mais no palco. Estou muito animada para sentir essa troca e me conectar com as pessoas”, afirma.
Shea guarda lembranças vívidas da recepção calorosa na primeira vez em que veio ao Brasil e acredita que a resposta intensa da plateia impacta diretamente a performance, criando “uma troca que te puxa para cima”. Ela revela que, ao desembarcar e ser recebida por uma multidão de fãs no aeroporto em sua primeira visita ao Brasil, foi quando se sentiu realmente famosa pela primeira vez.
Além do espetáculo, o The Realness também tem uma dimensão política. Tanto Symone quanto Shea apontam que eventos como este funcionam como espaços de resistência, em um contexto em que direitos e visibilidade da população LGBTQIA+ ainda são contestados em várias partes do mundo.
Symone ressalta que, mais do que nunca, é essencial que as pessoas se sintam vistas e representadas, e que eventos assim reforçam a mensagem de que a comunidade não vai se deixar vencer pelo medo.” Devemos ser mais altos e mais orgulhosos e continuar tendo coisas assim para nos apoiar e sermos visíveis. Deixar as pessoas saberem que não vamos desistir.”, diz .
A artista também afirma que sua presença no palco vai além do entretenimento. Representando a arte drag e trazendo referências de sua própria vivência como uma pessoa negra queer, ela espera que o público — especialmente jovens negros LGBTQIA+— se reconheça nela. Quer que todos sintam que podem seguir seus próprios sonhos, independente da aparência, origem ou contexto social.
Fonte.:Folha de S.Paulo