O transtorno bipolar ganhou espaço na novela “Dona de Mim”, da Globo, a partir da personagem Filipa, interpretada pela atriz Cláudia Abreu.
Embora seja um trama com temas leves, o folhetim tem retratado também questões mais densas como o Alzheimer, o luto na maternidade e o abuso sexual.
Especialistas pontuam que falar sobre os transtornos mentais de maneira aberta contribui para desfazer mitos e combater o estigma.
“Muitos pensam que se trata de um quadro de oscilações rápidas, súbitas e intempestivas de humor ao longo do dia, alternando entre tristeza e alegria. Outros imaginam algo que beira à loucura, o que rotularia a pessoa acometida como instável e violenta”, afirma o médico Elton Kanomata, psiquiatra do Einstein Hospital Israelita.
Mas não é bem assim.
“A manifestação ocorre em fases, sendo um polo da depressão e outro da mania. Geralmente são etapas bem distintas e que se manifestam separadamente, por um período de tempo mínimo, com um conjunto de sintomas que não se limitam apenas à alteração do humor. Além destas fases, comumente há períodos prolongados de estabilidade”, pontua Kanomata.
A seguir, vamos conhecer mais sobre o transtorno bipolar.
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Características do transtorno bipolar
O transtorno acomete de 1 a 3% da população mundial e, de maneira geral, surge entre 16 e 25 anos, mas pode afetar crianças e pessoas mais velhas também.
Em uma fase depressiva, o indivíduo pode experimentar sintomas como perda do prazer, dificuldade para dormir ou sonolência diurna, falta de apetite, pouca energia, alteração na libido e pensamento suicida. A duração varia de semanas a meses.
No período de euforia, abre-se espaço ao impulso, ou seja, a pessoa se sente com autoestima elevada para realizar aquilo que não faria normalmente. Isso inclui atitudes de risco, como abuso de álcool e drogas, deixar de dormir e apresentar um humor expansivo incomum, que pode levar a brigas e discussões.
Vale observar também sinais de agitação, irritação, agressividade e hostilidade. O indivíduo tende a demonstrar ainda aceleração no pensamento, fala e movimentação. Pode durar de dias a semanas, com prazo geralmente mais curto que o episódio depressivo.
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Causas, diagnóstico e tratamento
Embora as causas do transtorno bipolar não sejam totalmente esclarecidas, hipóteses sugerem a combinação de fatores genéticos, biológicos e psicossociais, como vulnerabilidades e eventos traumáticos ao longo da vida.
O diagnóstico é clínico, realizado a partir da avaliação do paciente com base no relato de sintomas e observações do médico durante as consultas.
O tratamento varia caso a caso, incluindo diferentes abordagens de acordo com a necessidade individual, como suporte familiar e psicossocial, psicoterapia e medicamentos.
“Por não ser considerada uma patologia que evolui com cura, mas estabilização, é importante entender que há sim tratamento e, com ele, a pessoa acometida tem uma vida plena, sem sofrimento ou prejuízos. Ter mais acesso a informações corretas ajudam a combater estigma e preconceito, bem como garantem a inclusão”, conclui.
A escritora e palestrante Marília Dan, diagnosticada aos 20 anos, transformou sua trajetória com o livro “As Vozes na Minha Cabeça: minha história com o transtorno bipolar” (acesse a versão Kindle) e palestras.
“O diagnóstico não define quem somos. O que faz diferença é o acolhimento e o tratamento contínuo. Quando conseguimos enxergar a condição de forma clara, abrimos espaço para que as pessoas se sintam menos sozinhas e mais encorajadas a buscar ajuda”, enfatiza.
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Fonte.:Saúde Abril