O Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT) autorizou, por decisão unânime, a desfiliação partidária do vereador Chico 2000 (Francisco Carlos Amorim Silveira) do Partido Liberal (PL), sem perda do mandato na Câmara Municipal de Cuiabá. O julgamento ocorreu na sessão plenária desta segunda-feira (10).
O pedido foi apresentado pelo próprio parlamentar, que alegou justa causa para deixar a sigla após mais de duas décadas de filiação. O PL foi notificado, mas não apresentou defesa dentro do prazo legal. A Procuradoria Regional Eleitoral também se manifestou favorável ao pedido, o que consolidou o entendimento do relator e garantiu a desfiliação sem penalidade.
Convite do MDB e bastidores da mivimentação política
Antes mesmo da decisão do TRE, o advogado e presidente do diretório municipal do MDB em Cuiabá, Francisco Faiad, confirmou ter convidado Chico 2000 para ingressar na legenda. O convite foi feito durante a posse do desembargador Ricardo Almeida, no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT). “Fizemos o convite e agora cabe a ele decidir”, disse Faiad.
Embora ainda não tenha definido seu novo destino partidário, a possível migração é vista como estratégica e deve reforçar a bancada do MDB na Câmara de Cuiabá. O movimento ocorre em meio às articulações políticas para recompor forças após as eleições de 2024, nas quais o PL se consolidou como protagonista, mas saiu rachado internamente.
Ruptura com o grupo de Abilio Brunini
A decisão de Chico 2000 marca o ponto final de uma relação política conturbada com o grupo liderado pelo prefeito eleito Abilio Brunini (PL). Após o pleito, o vereador entrou em rota de colisão com o correligionário, que articulou a eleição da vereadora Paula Calil (PL) para a presidência da Câmara, frustrando o plano de Chico de permanecer no comando da Casa.
A partir daí, os atritos se intensificaram. Abilio apresentou a denúncia que originou a Operação Perfídia, da Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor), que apura um suposto esquema de propina envolvendo parlamentares e uma empresa responsável pelas obras do Contorno Leste.
Chico foi um dos alvos da operação e chegou a ficar afastado das funções por dois meses. Na ocasião, alegou ser vítima de “grave discriminação pessoal” dentro do partido.
Citações em outras investigações
O vereador também foi citado em uma investigação da Polícia Federal, que apura compra de votos para apoiar a eleição de Paula Calil à presidência da Câmara. A denúncia teria partido do deputado estadual Faissal Calil (PL) — irmão da atual presidente — que, segundo aliados, pretende mudar de partido nos próximos meses.
Reconfiguração de forças na Câmara Municipal de Cuiabá
Com a saída de Chico 2000, o PL perde uma de suas figuras mais experientes na Câmara de Cuiabá, aprofundando a crise interna da sigla. A decisão do TRE-MT também abre espaço para uma nova recomposição de forças no Legislativo municipal.
Caso se confirme a filiação ao MDB, o partido deve fortalecer sua presença política na capital, posicionando-se como alternativa ao grupo de Abilio Brunini e mirando desde já o tabuleiro eleitoral de 2028.
Fonte.: MT MAIS


