
Crédito, Reuters
- Author, Aoife Walsh
- Role, Washington
- Author, George Wright
- Role,
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, minimizou a possibilidade de uma guerra dos EUA com a Venezuela, mas sugeriu que os dias de Nicolás Maduro como presidente do país estavam contados.
Questionado se os EUA iriam entrar em guerra contra a Venezuela, o presidente americano disse ao programa 60 Minutes, da CBS, parceira da BBC nos Estados Unidos: “Duvido. Não acho que vá acontecer. Mas eles têm nos tratado muito mal.”
Há dois meses, as forças armadas dos EUA vêm reforçando sua presença no Mar do Caribe com navios de guerra, caças, bombardeiros, fuzileiros navais, drones e aviões espiões. É o maior destacamento militar na região em décadas.
Os EUA continuam lançando ataques contra supostos barcos de tráfico de drogas no Caribe. O governo Trump afirma que os ataques são necessários para conter o fluxo de drogas para os EUA.
Ao ser questionado sobre os dias de Maduro no poder estarem acabando, o presidente americano disse acreditar que sim. “Eu diria que sim, acho que sim”, respondeu.
Trump rejeitou as sugestões de que a ação dos EUA não tinha como objetivo deter o narcotráfico, mas sim derrubar Maduro, um antigo opositor do presidente americano, dizendo que se tratava de “muitas coisas”.
Falando de sua residência em Mar-a-Lago, na Flórida, Trump disse: “Cada barco que você vê sendo abatido mata 25 mil pessoas por causa das drogas e destrói famílias em todo o nosso país.”
Questionado sobre se os EUA estavam planejando algum ataque em terra, Trump se recusou a descartar essa possibilidade, dizendo: “Eu não diria que faria isso… Não vou dizer o que vou fazer com a Venezuela, se vou fazer ou não.”
Os B-52, aviões bombardeiros de longo alcance, realizaram “demonstrações de ataque aéreo” na costa da Venezuela. Trump autorizou o envio da CIA para a Venezuela e o maior porta-aviões do mundo está sendo enviado para a região.
Maduro já acusou Washington de “fabricar uma nova guerra”, enquanto o presidente colombiano, Gustavo Petro, afirmou que os ataques a barcos estão sendo usados pelos EUA para “dominar” a América Latina.
Trump, por sua vez, afirmou que seu governo “não permitirá” a entrada de pessoas “de todo o mundo” nos Estados Unidos.
“Eles vêm do Congo, vêm de todo o mundo, estão vindo, não apenas da América do Sul. Mas a Venezuela, em particular, tem sido ruim. Eles têm gangues”, disse ele, citando especificamente o Tren de Aragua, classificado por ele como “a gangue mais violenta do mundo”.

Trump também foi questionado sobre testes nucleares, depois de ter instado os líderes militares dos EUA a retomarem os testes de armas nucleares para acompanhar outros países, como a Rússia e a China.
Questionado por Norah O’Donnell, da CBS, se planejava que os EUA detonassem uma arma nuclear pela primeira vez em mais de 30 anos, Trump disse: “Estou dizendo que vamos testar armas nucleares como outros países fazem, sim.”
No entanto, o Secretário de Energia, Chris Wright, procurou acalmar as preocupações globais, dizendo à Fox News que os EUA não planejavam realizar explosões nucleares.
Durante sua entrevista à CBS, Trump também falou sobre a paralisação do governo dos EUA, que já dura mais de um mês e deixou milhões de americanos sem serviços essenciais.
O presidente culpou os democratas, quem ele chamou de “lunáticos desvairados” que “perderam o rumo” – mas disse acreditar que eles acabariam cedendo e votando pelo fim da paralisação.
“E se eles não votarem, o problema é deles”, disse ele.
Esta foi a primeira entrevista de Trump à CBS desde que processou a Paramount, empresa controladora da CBS, por uma entrevista de 2024 com a então vice-presidente Kamala Harris.
Ele disse que a entrevista – que foi ao ar como parte da campanha eleitoral presidencial – foi editada para “inclinar a balança a favor do Partido Democrata”.
A Paramount concordou em pagar US$ 16 milhões (R$ 86 milhões) para encerrar o processo, mas o dinheiro foi destinado à futura biblioteca presidencial de Trump, e não pago a ele “direta ou indiretamente”. A empresa afirmou que o acordo não incluía um pedido de desculpas.
A última aparição de Trump no programa 60 Minutes foi em 2020, quando abandonou uma entrevista com Lesley Stahl porque alegou que as perguntas eram tendenciosas. Ele não concordou em conceder uma entrevista ao programa durante a eleição de 2024.
Fonte.:BBC NEWS BRASIL


