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- Author, Santiago Vanegas
- Role, BBC News Mundo
O presidente Donald Trump recebeu Javier Milei na Casa Branca nesta terça-feira (14/10) e deixou claro seu apoio ao grupo político do presidente argentino nas eleições legislativas de 26 de outubro.
Falando à imprensa, os líderes se elogiaram mutuamente, e Trump afirmou: “Vocês vão ganhar a eleição. Vamos apoiá-los hoje, apoiá-los totalmente.”
O presidente americano acrescentou que o partido de Milei, La Libertad Avanza, melhoraria nas pesquisas após a reunião porque “muitas pessoas na Argentina gostam de mim”.
Milei, por sua vez, afirmou estar honrado com o convite de Trump para o encontro e parabenizou o americano pelo acordo de cessar-fogo em Gaza, que o republicano mediou.
A reunião serviu para selar um plano sem precedentes de apoio financeiro dos EUA à economia argentina.
Mas, respondendo a repórteres, Trump sugeriu que a continuidade do apoio depende da vitória de Milei nas eleições presidenciais de 2027.
“Se ele perder, não vamos ser tão generosos com a Argentina”, disse o presidente americano, afirmando que Milei está enfrentando a “extrema esquerda”.
Trump e Milei têm mantido uma relação de amizade e admiração mútua, cimentada por suas óbvias semelhanças ideológicas.
“Ele é um grande amigo, um lutador e um VENCEDOR”, escreveu recentemente o presidente dos EUA em sua conta na rede Truth Social.
Funcionários de alto escalão e outros políticos republicanos também têm sido generosos em elogios ao presidente argentino e à sua política econômica.
O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, declarou na Casa Branca que Milei está “lutando contra 100 anos de uma política econômica ruim”.

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Como é o acordo de ajuda financeira
Bessent anunciou na última quinta-feira (09/10) alguns detalhes do plano de ajuda à Argentina — o qual, em suas palavras, busca superar “o momento de grave falta de liquidez” que a economia sul-maricana enfrenta.
“Só os Estados Unidos podem agir rapidamente. E agiremos”, disse Bessent.
O plano tem dois componentes: a compra direta de pesos argentinos pelos Estados Unidos — o valor é desconhecido — e um swap cambial de US$ 20 bilhões.
O swap cambial é um instrumento financeiro que envolve a possibilidade de troca futura de duas moedas — no caso, de dólares por peso argentino. Os detalhes da operação, contudo, ainda não foram divulgados.
Diferente dos empréstimos tradicionais, um swap pode ser ativado ou não, dependendo das necessidades do país. Em outras palavras, a troca de moeda não se concretiza a menos que uma das partes o exija.
Esses tipos de acordos geralmente visam contribuir para a estabilidade do sistema financeiro de um país.
Quando o beneficiário se estabiliza e o prazo acordado expira, ele deve devolver a moeda estrangeira e recuperar sua moeda original.
Por enquanto, a ajuda oferecida por Trump conseguiu acalmar os mercados argentinos.

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Os EUA e a Argentina competem em mercados como o da soja, e alguns empresários americanos reclamam que o acordo coloca seus concorrentes argentinos em posição vantajosa.
Em entrevista coletiva na Casa Branca, Trump se esquivou da pergunta de um repórter sobre se o apoio financeiro à Argentina é consistente com a abordagem “América em Primeiro Lugar”.
Nesse sentido, Bessent argumentou que “uma Argentina forte e estável que contribua para fortalecer a prosperidade do Hemisfério Ocidental é de interesse estratégico dos Estados Unidos” e que impedir que a Argentina se torne um Estado falido ou liderado pela China é colocar os EUA em primeiro lugar.
Trump, por sua vez, observou que os EUA se beneficiam ao simplesmente “ajudar uma grande filosofia a se consolidar em um grande país”.
O difícil momento da economia argentina
Desde que assumiu o poder, Milei implementou uma série de medidas para conter a inflação, reduzir o déficit fiscal e estabilizar a taxa de câmbio.
Mas, ao longo do caminho, o governo ficou sem dólares, e as perspectivas econômicas começaram a piorar — a ponto de os investidores começarem a vender seus ativos e perderem a confiança na capacidade do país de pagar sua dívida.
Na Casa Branca, Milei afirmou que o problema de liquidez do país é consequência de “ataques políticos” de seus oponentes.
Incapaz de solicitar um novo empréstimo ao Fundo Monetário Internacional (FMI), visto que já havia obtido um em abril, Trump veio em seu socorro.
De acordo com a declaração de Bessent na semana passada, os EUA estão confiantes de que as “mudanças estruturais em andamento” aumentarão significativamente as exportações do país e, assim, gerarão um fluxo constante de dólares para a Argentina no futuro.
Fonte.:BBC NEWS BRASIL