
Crédito, Getty Images
- Author, Madeline Halpert e Christal Hayes
- Role, BBC News
Trump anunciou a reunião com uma semana de antecedência — no mesmo dia em que expirava o prazo que ele havia dado para a Rússia concordar com um cessar-fogo na Ucrânia ou enfrentar mais sanções dos EUA.
Três rodadas de negociações entre a Rússia e a Ucrânia, realizadas a pedido de Trump neste verão no hemisfério norte, ainda não aproximaram as duas partes da paz.
A seguir, está o que sabemos sobre a reunião entre os dois líderes, que vai acontecer em Anchorage, no Alasca — que já foi território russo.
Por que eles vão se encontrar no Alasca?
O assessor presidencial russo, Yuri Ushakov, destacou que os dois países são vizinhos, separados apenas pelo Estreito de Bering.
“Parece bastante lógico que nossa delegação simplesmente sobrevoe o Estreito de Bering, e que uma cúpula tão importante e esperada entre os líderes dos dois países seja realizada no Alasca”, afirmou Ushakov.
A última vez que o Alasca foi o centro das atenções em um evento diplomático americano foi em março de 2021, quando a recém-formada equipe diplomática e de segurança nacional de Joe Biden se reuniu com seus homólogos chineses em Anchorage.
A reunião acabou ficando acalorada, com os chineses acusando os americanos de “condescendência e hipocrisia”.
Onde Trump e Putin vão se reunir no Alasca?
A Casa Branca confirmou na terça-feira (12/08) que o encontro vai ser em Anchorage.
Ao anunciar a reunião bilateral, Trump disse que o local seria “muito popular por várias razões”, sem revelar que seria na maior cidade do Estado.
Os dois vão ser recebidos na base Elmendorf-Richardson, a maior instalação militar do Alasca. A base de 26 mil hectares é um local estratégico para a preparação militar dos EUA no Ártico.

Por que Putin e Trump vão se encontrar?
Trump tem pressionado fortemente — sem muito sucesso — para acabar com a guerra na Ucrânia.
Como candidato à presidência, ele prometeu que poderia acabar com a guerra em 24 horas após assumir o cargo. Ele também argumentou repetidamente que a guerra “nunca teria acontecido” se ele fosse presidente na época que a Rússia invadiu a Ucrânia em 2022.
As frustrações aumentaram, e Trump estabeleceu o prazo de 8 de agosto para que Putin concordasse com um cessar-fogo imediato — do contrário, enfrentaria sanções mais severas dos EUA.
Quando o fim do prazo chegou, Trump anunciou que ele e Putin se encontrariam pessoalmente em 15 de agosto.
A reunião acontece depois que o enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, teve uma conversa “altamente produtiva” com Putin em Moscou na quarta-feira, de acordo com Trump.
A Casa Branca tentou minimizar as especulações de que o encontro bilateral poderia resultar em um cessar-fogo.
“Este é um exercício de escuta para o presidente”, disse a secretária de Imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt. Ela acrescentou que Trump pode viajar para a Rússia após a viagem ao Alasca.
Em conversa com jornalistas na segunda-feira, Trump disse que via a cúpula como uma “reunião para sondar o terreno” com o objetivo de instar Putin a acabar com a guerra.
A Ucrânia vai participar?
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, não deve participar. Trump disse na segunda-feira: “Eu diria que ele poderia ir, mas ele já participou de muitas reuniões”.
Trump afirmou, no entanto, que Zelensky seria a primeira pessoa para quem ele telefonaria depois.
Um funcionário da Casa Branca acrescentou mais tarde que Trump e Zelensky se reuniriam virtualmente nesta quarta-feira, às vésperas da cúpula do presidente americano com Putin. A reunião com Zelensky vai contar com a participação de vários líderes europeus.
Putin havia solicitado que Zelensky fosse excluído, embora a Casa Branca tenha dito anteriormente que Trump estava disposto a realizar uma reunião trilateral na qual os três líderes estivessem presentes.
Zelensky disse que qualquer acordo sem a participação da Ucrânia seria uma “decisão sem efeito”.
O que ambos os lados esperam obter?
Embora tanto a Rússia quanto a Ucrânia tenham afirmado há muito tempo que desejam o fim da guerra, ambos os países querem coisas às quais o outro se opõe veementemente.
Trump disse na segunda-feira que “tentaria recuperar parte daquele território [ocupado pela Rússia] para a Ucrânia”. Mas também alertou que talvez fosse necessário “alguma troca, mudanças de território”.
A Ucrânia, no entanto, tem se mostrado inflexível em não aceitar o controle russo das regiões que Moscou tomou, incluindo a Crimeia.
Zelensky rejeitou nesta semana qualquer ideia de “troca” de territórios.
“Não vamos recompensar a Rússia pelo que ela fez”, afirmou o presidente ucraniano.
Em paralelo, Putin não tem cedido em suas exigências territoriais, na neutralidade da Ucrânia e no futuro tamanho de seu Exército.
A Rússia lançou sua invasão em grande escala à Ucrânia, em parte devido à crença de Putin de que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a aliança militar ocidental, estava usando o país vizinho para ganhar uma posição estratégica e deixar suas tropas mais perto das fronteiras da Rússia.

O governo Trump tem tentado influenciar os líderes europeus em relação a um acordo de cessar-fogo que entregaria vastas áreas do território ucraniano à Rússia, segundo reportagem da CBS News, parceira da BBC nos EUA.
O acordo permitiria à Rússia manter o controle da península da Crimeia, e tomar a região de Donbas, no leste da Ucrânia, composta por Donetsk e Luhansk, de acordo com fontes próximas às negociações.
A Rússia ocupou ilegalmente a Crimeia em 2014, e suas forças controlam a maior parte da região de Donbas.
Pelo acordo, a Rússia teria que abrir mão das regiões ucranianas de Kherson e Zaporizhzhia, onde atualmente possui algum controle militar.
Em entrevista à rede Fox News, o vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, disse que qualquer acordo futuro “não vai deixar ninguém superfeliz”.
“É preciso alcançar a paz aqui… não se pode apontar o dedo”, ele afirmou.
“O caminho para a paz é ter um líder decisivo que se sente à mesa e force as pessoas a se unirem.”
Fonte.:BBC NEWS BRASIL