
Crédito, Andrew Harnik/Getty Images
- Author, Laura Bicker
- Role, Correspondente da BBC News na China
- Author, Anthony Zurcher
- Role, Correspondente da BBC News na América do Norte
- X, @awzurcher
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder chinês, Xi Jinping, se reuniram pela primeira vez em seis anos — reacendendo as esperanças de uma redução das tensões entre as duas maiores economias do mundo.
Trump descreveu as conversas, na Coreia do Sul, como “incríveis”, enquanto Pequim afirmou que ambos chegaram a um consenso para resolver as “principais questões comerciais”.
As relações vinham tensas desde que Trump começou a impor tarifas sobre a China e Pequim respondeu com suas próprias medidas. Em maio, eles concordaram com uma trégua, mas as tensões continuaram elevadas.
As conversas desta quinta-feira (30/10) não resultaram em um acordo formal, mas os anúncios sugerem que os dois lados estão mais próximos de um acerto — cujos detalhes vêm sendo negociados nos bastidores há tempos.
Acordos comerciais normalmente levam anos para serem negociados, mas países ao redor do mundo têm sido forçados a resolver suas divergências com o atual governo Trump em questão de meses.
Uma das principais vitórias de Trump é que a China concordou em suspender as medidas de controle de exportação que havia imposto sobre terras raras — materiais essenciais para a produção de tudo, de smartphones a caças.
Trump, eufórico, disse a repórteres, a bordo do Air Force One, que também conseguiu que a China começasse imediatamente a comprar “quantidades imensas de soja e outros produtos agrícolas”.
As tarifas de retaliação impostas por Pequim sobre a soja americana haviam, na prática, interrompido as importações vindas dos EUA, prejudicando os fazendeiros — um dos principais grupos de eleitores de Trump.
No entanto, não houve menção a avanços em relação ao TikTok. Os Estados Unidos vêm tentando retirar as operações do aplicativo de compartilhamento de vídeos do controle da empresa-mãe chinesa ByteDance, por motivos de segurança nacional. Após o encontro, Pequim afirmou que continuará trabalhando para resolver a questão.
Enquanto isso, os EUA anunciaram que irão retirar parte das tarifas aplicadas a Pequim sobre o fluxo de ingredientes usados na produção de fentanil enviados aos Estados Unidos. Trump impôs tarifas severas a seus principais parceiros comerciais por considerá-los falhos no combate à disseminação da droga.
Ainda assim, parece que outras tarifas — ou impostos sobre produtos importados — continuarão em vigor, o que significa que mercadorias vindas da China ainda estão sendo taxadas a uma taxa superior a 40% para os importadores americanos.
Pequim também poderá dialogar com Jensen Huang, o presidente da empresa americana de tecnologia Nvidia — segundo Trump. A Nvidia está no centro da disputa entre os dois países sobre chips de inteligência artificial: a China quer acesso aos chips de ponta, enquanto os EUA buscam limitar esse acesso, alegando razões de segurança nacional.
Pequim ainda estendeu um convite a Trump para visitar a China em abril — mais um sinal de que as relações estão começando a se reaquecer.
‘Um bom começo’
Mas o encontro também evidenciou o abismo entre as abordagens dos dois líderes.
Xi mostrou-se contido e limitou-se ao que havia preparado. Entrou na reunião ciente de que tinha uma posição de força. A China havia aprendido com o primeiro mandato de Trump, usando a seu favor o controle sobre as terras raras e diversificando seus parceiros comerciais para reduzir a dependência dos Estados Unidos.
Depois do encontro, Xi foi muito mais comedido em suas declarações do que Trump. Disse que os dois lados trabalhariam para alcançar resultados que servirão como um “remédio tranquilizador” para as economias de ambos os países.
Trump, como sempre, foi mais espontâneo. Mas o presidente americano também estava visivelmente mais tenso do que no restante de sua intensa viagem pelo Sudeste Asiático — um reflexo da importância do encontro de quinta-feira.
O brilho e a pompa que marcaram suas paradas anteriores também estavam ausentes.
Já não havia os palácios dourados como os que o receberam no Japão na terça-feira. Em vez disso, a reunião ocorreu em um prédio de aeroporto, atrás de arame farpado e postos de segurança.
As bandas militares que o haviam recebido na Coreia do Sul na quarta-feira também não estavam por perto. O único sinal de que algo importante acontecia ali dentro era a forte presença policial e da imprensa.
Apesar da aparência discreta, o que ocorreu dentro da sala foi, provavelmente, a uma hora e vinte minutos mais significativos de toda a viagem.
Henry Wang, ex-assessor do Conselho de Estado da China, disse ao programa Today, da BBC Radio 4, que as conversas entre Trump e Xi “foram muito boas”.
Pode não ter sido um acordo comercial, mas “foi estabelecida uma estrutura e um arcabouço”, acrescentou — chamando o resultado de “um bom começo”.
Fonte.:BBC NEWS BRASIL


