O Txai —termo usado por algumas etnias do Xingu para se referir a amigos próximos ou mesmo companheiros de vida— está celebrando um quarto de século enquanto repensa seus fundamentos, para se manter sempre relevante.
Localizado em uma ex-fazenda de coco à beira mar, em uma propriedade de 92 hectares em plena mata atlântica, o Txai deixa claro que aquela experiência pode ser única desde a chegada ao aeroporto de Ilhéus, de onde oferece serviço de traslado na ida e na volta, e ainda dispõe de sala VIP.
A chegada não é tão teatral quanto a dos hotéis da série “White Lotus“, com funcionários em fila acenando para os hóspedes, mas tudo diz luxo e riqueza nessa experiência. Os funcionários do hotel brasileiro estão sempre dispostos, sorridentes, e uniformizados com um estilo elegante e cool, que não exagera na mensagem de que eles estão ali para servir e você, para ser servido.
Essa é a intenção, óbvio, e o serviço é quase sempre impecável —poderia ser um pouco mais ágil nos restaurantes, em que a demora desafia quem chega com o ritmo urbano. Mas nada que uma das massagens no spa Shamash, construído em uma parte alta da propriedade com vista da mata atlântica e do alto mar, além do próprio resort, com bangalôs que parecem abraçar a natureza ao seu redor, não faça esquecer.
As acomodações são a tradução do “quiet luxury“, o luxo quieto, ou pós-luxo, como tenho lido por aí. E que significa tudo de melhor, sem ostentação, em harmonia com a natureza.
Não é por outro motivo que o Txai faz parte do grupo de hotéis e restaurantes espalhados pelo mundo que ganham o selo Relais & Châteaux, associação internacional com sede na França com curadoria exigente e que zela por excelência na hospitalidade e na gastronomia, experiências únicas e valorização da cultura local.
São 38 acomodações, entre bangalôs (diárias a partir de R$ 4.130) e apartamentos (a partir de R$ 2.740), com o mesmo tipo de arquitetura integrada ao ambiente, com materiais locais, como madeira certificada e palha de piaçava e decoração elegante e despojada. No Bangalô Premium, com piscinas privativa, varanda com espreguiçadeiras e chuveiro ao ar livre, a diária na média temporada sai a partir de R$ 5.170.
Distantes uns dos outros, os bangalôs permitem privacidade, além de uma vista sempre deslumbrante. As construções se esparramam por morros e áreas planas, e as distâncias maiores podem ser percorridas por carrinhos de golfe, no caso de o hóspede chegar a um nível de relaxamento que até caminhar
150 metros para chegar ao restaurante pareça penoso demais.
Duvido que isso aconteça, porque a comida é boa e nadar no mar, ainda que nos dias em que as águas estão calmas, como na maior parte do tempo, dá fome. A cozinha do Txai é aquele estilo fusion que se espalhou pelo mundo no começo do milênio, que combina receitas tradicionais com toques pessoais de cada chef.
Aqui, as receitas são tradicionalmente baianas, como moquecas e bobós, com pitadas contemporâneas. Mas a ideia do novo gerente geral, Licio Turner, ex-Four Seasons de San Francisco, é voltar às origens, usando apenas insumos locais e orgânicos e deixar que a tradição faça o resto.
Além disso, o resort tem, desde o início de sua existência, o Instituto Companheiros do Txai, por meio do qual projetos sociais de moradores da região são apoiados.
Mais recentemente surgiu o Txaitaruga, parceria com a universidade Uesc da Bahia, para monitorar e proteger os ninhos de tartarugas marinhas, ameaçadas, e que escolhem a areia da vizinha Itacarezinho para fazerem seu ninhos. Um biólogo fica sempre de plantão no hotel para levar os hóspedes interessados em conhecer os ninhos de tartaruga.
Quem for para lá em busca de aventuras pode caminhar pelas trilhas dentro e fora da propriedade, no meio da mata atlântica, fazer passeios de barco, visitar cachoeiras da região, ter aulas de surfe nas praias vizinhas ou ver rodas de capoeira na cidade.
Mas o pote de ouro no fim do arco-íris, neste caso, é deixar a agenda livre, esquecer da vida e do mundo e obedecer exclusivamente às próprias vontades.
A jornalista viajou a convite do Txai Itacaré
Fonte.:Folha de S.Paulo