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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira (2/9) que seus militares atacaram um barco que teria partido da Venezuela levando drogas. A operação, diz Trump, matou 11 “narcoterroristas”.
Trump afirmou que a embarcação estava em águas internacionais, no sul do Mar do Caribe, e transportava drogas ilegais com destino aos EUA.
A ação, segundo o presidente, tinha como alvo membros da gangue venezuelana Tren de Aragua.
Na sua rede social Truth Social, Trump escreveu: “O ataque resultou em 11 terroristas mortos em ação. Nenhum militar americano foi ferido. Que isso sirva de aviso para qualquer um que esteja pensando em trazer drogas para os Estados Unidos da América. Cuidado!”
Sua publicação foi acompanhada por um vídeo aéreo mostrando uma lancha navegando em águas agitadas, antes de explodir.
Mais cedo, Trump havia declarado que o país continua recebendo muitos carregamentos de drogas e “muitos deles vêm da Venezuela”.
“Temos muitas drogas entrando em nosso país e chegando há muito tempo. E elas vinham da Venezuela e estavam vindo muito da Venezuela. Muitas coisas estão saindo da Venezuela”, disse Trump.
O secretário de Estado americano, Marco Rubio, repetiu a afirmação no X (antigo Twitter) e disse que foi um “ataque letal”.
“O presidente dos Estados Unidos acabou de anunciar há pouco que hoje as Forças Armadas dos EUA realizaram um ataque letal no sul do Caribe contra uma embarcação de drogas que havia partido da Venezuela e estava sendo operada por uma organização designada como narcoterrorista”, escreveu Rubio na rede social.

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Desde seu retorno à Casa Branca em janeiro, o governo Trump designou várias organizações de tráfico de drogas e grupos criminosos no México e em outras partes da América Latina como organizações terroristas.
Entre elas, estão o Tren de Aragua e outro grupo venezuelano, o “Cartel de los Soles”, que as autoridades americanas alegam ser comandado pelo presidente venezuelano Nicolás Maduro e outros altos funcionários do governo, alguns oriundos das forças armadas ou dos serviços de inteligência do país.
EUA x Venezuela: a escalada de tensão
Em 19 de agosto, veio a público a informação de que uma esquadra de navios militares americanos havia sido despachada para o sul do Caribe, para perto da costa da Venezuela, transportando estimados 4,5 mil soldados americanos, sendo a metade deles fuzileiros navais. E mais navios foram enviados na semana seguinte.
A Casa Branca alega que a operação tem como objetivo combater o tráfico de drogas. Trump considera a imigração e a entrada de drogas pela fronteira dos Estados Unidos como ameaças à segurança nacional americana.
“Ele [Trump] está preparado para usar todos os elementos da força americana para impedir que drogas entrem no nosso país e para levar os responsáveis à Justiça”, declarou Karoline Leavitt, porta-voz da Casa Branca.
Já o presidente venezuelano Nicolás Maduro disse que o combate ao narcotráfico é um “falso pretexto para impor políticas intervencionistas na América Latina e no Caribe”.
“A causa que defendemos é muito grande, então uma mudança de regime não é apenas ilegal, mas também imoral. E eles não vão conseguir colonizar ou escravizar a Venezuela, a América do Sul ou a nossa América. E, se um dia eles tentarem tocar na Venezuela, toda a América vai se levantar por nós”, disse Maduro.
Maduro também anunciou a mobilização de 4,5 milhões de milicianos para defender a soberania do país e convocou civis pra se alistarem na chamada Milícia Bolivariana, um ramo das Forças Armadas da Venezuela formado por civis voluntários.
Nos últimos dias, milhares de venezuelanos fizeram filas em Caracas para se alistar.

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Conflito de longa data
Os Estados Unidos são um adversário de longa data do regime venezuelano, mas essa rivalidade tem se intensificado sob Donald Trump.
Ainda no primeiro mandato de Trump, Nicolás Maduro e aliados foram indiciados nos Estados Unidos por terrorismo, corrupção e tráfico de drogas.
Naquela época, também foram despachados navios de guerra americanos pra ações de combate ao narcotráfico nas águas do Caribe. Trump chegou a falar em usar a força militar contra a Venezuela, embora isso não tenha se concretizado.
Agora, além do ataque à embarcação venezuelana no Mar do Caribe, os Estados Unidos voltaram a intensificar a retórica contra Maduro, não só aumentando a recompensa pela prisão do presidente venezuelano, como anunciando o congelamento de centenas de milhões de dólares em supostos bens dele.
“O Departamento de Justiça reteve mais de US$ 700 milhões de ativos ligados a Maduro, incluindo dois jatinhos privados, nove veículos e mais (…) Ele é um dos maiores narcotraficantes do mundo e uma ameaça a nossa segurança nacional”, declarou Pam Bondi, procuradora-geral dos EUA, ao anunciar as novas sanções contra Maduro.
O presidente venezuelano rejeita a acusação de que tem ligações com cartéis de drogas.
Ao mesmo tempo, o governo dele é bastante questionado pela comunidade internacional por suspeitas de fraude na eleição presidencial venezuelana de 2024.
Maduro nega qualquer fraude, mas nunca apresentou as atas oficiais das urnas que foram requisitadas pelo Brasil e por outros líderes globais.
Fonte.:BBC NEWS BRASIL