O vereador de Curitiba Guilherme Kilter (Novo-PR) anunciou que promoverá, neste domingo (21) às 14h, em frente ao prédio histórico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), um tributo a Charlie Kirk, em homenagem ao ativista conservador norte-americano assassinado no último dia 10 em um atentado dentro de uma universidade em Utah.
O vereador também propôs, após o ato, um “debate de ideias” com estudantes da instituição que participaram das agressões a Kilter e ao advogado Jeffrey Chiquini no último dia 9, um dia antes da morte do ativista. Os dois palestrariam em um evento crítico ao Supremo Tribunal Federal (STF) em uma sala da UFPR, que foi cancelado devido à ação dos manifestantes.
“Vamos fazer um tributo ao Charlie Kirk. Um minuto de silêncio por sua morte e orações pela sua família. Mas acima de tudo isso, vamos fazer o que ele mais amava: debater. Um debate de ideias puro e simples, sem gritarias ou agressões”, diz o vereador em vídeo nas redes sociais.
“O Charlie foi assassinado, mas isso só fez com que suas ideias se multiplicassem pelo mundo todo”, prossegue. Kilter diz, ainda, que acionou as forças de segurança – tanto a Polícia Militar quanto a Guarda municipal, e o parlamentar também contará com segurança pessoal – para evitar novas agressões. “Qualquer um que chegar aqui mascarado ou com porretes será visto como ameaça e detido”, ressalta.
“O problema não são os estudantes que estão ali todos os dias, mas os meliantes, militantes profissionais de esquerda que vivem que vivem de causar bagunça, fazer estrago e causar discórdia. Acredito que esse povo não estará lá”, prossegue.
UFPR divulga nova nota crítica à PM e às vítimas de agressão
Desde os atos de violência contra os palestrantes, a Reitoria e a direção do Setor de Ciências Jurídicas da universidade têm divulgado uma série de notas atribuindo a culpa pela violência aos próprios agredidos e isentando os agressores.
A instituição diz que os palestrantes tentaram entrar na sala onde haveria o evento mesmo após o cancelamento pela docente que estava organizando o encontro, o que teria motivado a ação violenta dos manifestantes. O teor das notas motivou até mesmo uma ação judicial contra o reitor por parte de Kilter.
A UFPR também tem criticado os responsáveis por chamar a Polícia Militar, que entrou no campus e desmobilizou o grupo de manifestantes. Após prometer uma série de medidas contra a PM, alegando que policiais adentraram ao prédio sem terem sido acionados formalmente pela instituição e fizeram “uso desproporcional da força”, a Reitoria divulgou nesta quarta-feira (17) nova nota.
Desta vez, a instituição se solidarizou com a professora Melina Girardi Fachin, filha do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, que alegou ter sido hostilizada ao sair de um prédio da UFPR na sexta-feira (12). Melina é diretora do Setor de Ciências Jurídicas da instituição.
Na nova nota, a UFPR também diz que está atuando para responsabilizar os palestrantes agredidos e a Polícia Militar. “Os Conselhos Superiores da UFPR afirmam que estão atuando na apuração e responsabilização rigorosa e imediata das ações envolvendo o evento do dia 09 de setembro, inclusive dos que forçaram a entrada no Prédio Histórico, acionaram a polícia sem diálogo com a UFPR, bem como do próprio uso da força por agentes de segurança pública.”
A Gazeta do Povo contatou a UFPR para manifestação nesta reportagem, mas não houve retorno.
O que aconteceu no evento da UFPR
Jeffrey Chiquini e Guilherme Kilter foram expulsos do prédio histórico da Universidade Federal do Paraná por estudantes que se opunham à participação dos dois em uma palestra sobre a atuação do STF. Em meio a empurrões e gritos de “recua, fascista”, ambos foram escoltados até a sala dos professores. A PM foi chamada para conter a confusão.
O vereador disse à Gazeta do Povo que sofreu agressões como tapas e empurrões. Kilter afirmou que os estudantes já tinham ocupado o prédio quando ele e Chiquini chegaram, impedindo a entrada no Salão Nobre, onde o evento seria realizado.
“Fomos até o corredor, mas começaram a nos ameaçar com porretes. Nos trancaram na sala dos professores por segurança. A gente esperou baixar o clima, a Polícia Militar chegou com reforço da tropa de choque e começou a esvaziar o prédio”, relatou o parlamentar.
O vereador e o advogado tentaram encontrar uma saída para deixar o prédio e foram seguidos pelos manifestantes. “A gente conseguiu sair pelos fundos. A tropa de choque já estava na frente, fazendo um cerco. Teve bomba de efeito moral”, disse o parlamentar. Para Kilter, “claramente” parte dos manifestantes não estuda na instituição.
“Fui expulso da UFPR, porque vim palestrar em um evento. Fui convidado a palestrar sobre Estado Democrático de Direito pelo curso de Direito. Eu apanhei de tudo quanto é lado. Estou sendo expulso por cerca de 500 pessoas”, disse Chiquini em uma live no Instagram.
A advogada e comentarista da Gazeta do Povo Anne Dias iria acompanhar a palestra e presenciou a confusão. Ex-aluna da UFPR, ela afirmou que os manifestantes hostilizaram os participantes do evento. “Foi horrível. Uma pessoa me relatou que teve o celular furtado durante a manifestação. Bateram nas pessoas, derrubaram um professor. Fomos totalmente hostilizados, chamados de fascistas”, disse Anne.
Fonte. Gazeta do Povo