A sessão plenária da Câmara Municipal de Cuiabá, nesta quinta-feira (11), foi marcada por um forte bate-boca entre vereadores. A vereadora Michelly Alencar (União) acusou os parlamentares Jeferson Siqueira (PSD) e Dídimo Vovô (PSB) de não respeitarem a fala feminina durante os debates. O clima ficou tão tenso que a presidente da Casa, Paula Calil (PL), precisou suspender a reunião para conter os ânimos.
Segundo Michelly, durante a discussão, Siqueira chegou a gritar e a apontar o dedo contra seu rosto. A parlamentar, no entanto, afirmou que não se deixou intimidar: “Ele colocou o dedo na minha cara. Mas, assim, para mim, se eu não estiver pronta para esse embate, não é aqui o meu lugar. Agora, eu estou pronta para um embate com decência e respeito. Não fujo das minhas convicções, homem nenhum me intimida, posicionamento nenhum, batendo em mesa, gritando com o celular na cara, isso nunca me intimidou e não vai me intimidar.”
A confusão ocorreu durante a votação do veto do prefeito Abilio Brunini (PL) ao projeto de autoria de Dídimo Vovô, que previa a garantia de exame de ressonância magnética para mulheres com mama densa. O Executivo alegou que o procedimento já está assegurado por portaria do Ministério da Saúde.
As vereadoras Michelly, Samantha Iris (PL) e Baixinha Giraldelli (Solidariedade) chegaram a defender a proposta em um primeiro momento, mas depois mudaram de posição, o que provocou críticas de colegas homens, que consideraram “inadmissível” a mudança, sobretudo por se tratar de um tema relacionado à saúde feminina.
Entre no nosso grupo do WhatsApp e siga-nos também no Instagram e acompanhe nossas atualizações em tempo real.
Michelly rebateu as críticas afirmando que há uma diferença de postura dos vereadores em relação às falas femininas: “Para vocês analisarem, podem pegar a sessão. Quando um homem está falando, eles ficam quietos. Quando uma mulher está falando, eles fazem arruaça.”
Questionada pela imprensa sobre ter sido vítima de violência política de gênero, a parlamentar disse que sim, mas afirmou que não pretende formalizar denúncia: “Acho que quando a gente não é respeitado, quando a gente tem os embates aqui dentro, isso pode incorrer na violência. Mas eu estou tão segura no meu posicionamento que eu não vou representar ele. Acho que faz parte do debate. Só acredito que cada vez mais fique claro que comportamentos como esse devem ser repensados, fica feio.”
Outro lado
Procurado após o tumulto, Jeferson Siqueira (PSD) negou que tenha tentado intimidar a colega e afirmou que apenas reagiu a provocações. “Não houve desrespeito, houve debate. Aqui ninguém é mais ou menos que ninguém. Eu tenho o direito de defender minha posição e ela também. Se houve elevação de tom, foi no calor da discussão.”
Já Dídimo Vovô (PSB), autor do projeto de lei vetado, lamentou a mudança de posicionamento das vereadoras e disse que não houve intenção de desmerecer o discurso feminino. “Fiquei decepcionado porque era uma pauta importante para as mulheres cuiabanas. Respeito todas as vereadoras, mas é preciso coerência. O que aconteceu foi uma divergência de entendimento, nada além disso.”
A presidente Paula Calil (PL) classificou o episódio como lamentável e disse que vai reforçar a necessidade de respeito mútuo durante os debates: “O plenário é espaço de divergências, mas não de ataques pessoais. Precisamos dar exemplo para a sociedade e conduzir os debates com serenidade e civilidade.”
Apesar da suspensão temporária, a sessão foi retomada em seguida e o veto do Executivo acabou mantido pela maioria dos votos.
Fonte.: MT MAIS