Acorrentados em sinal de protesto, advogados e familiares de presos do 8 de janeiro realizam vigílias, em Brasília, para clamar por anistia. A primeira reunião ocorreu na noite desta segunda-feira (28) na Torre de TV da capital, e os organizadores prometem retornar ao local todas as noites, às 21h, até o próximo domingo, 3 de agosto.
Segundo a advogada Taniéli Telles, a proposta surgiu após o ministro Alexandre de Moraes proibir o deputado Hélio Lopes (PL-RJ) de se manifestar perto do Supremo Tribunal Federal (STF) no último fim de semana. Entre as pautas anunciadas pelo congressista estava o apoio ao projeto de lei que anistia réus e condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023, mas os deputados tiveram que deixar o local, sob ameaça de prisão.
Os vídeos do ocorrido foram divulgados pelas redes sociais, e a situação fez com que Taniélli e outros apoiadores da anistia se unissem para iniciar um novo protesto. “Quando vi o vídeo do deputado Hélio Lopes, não tive dúvidas”, relata a advogada de Santa Catarina. “Peguei o primeiro voo que consegui, e cheguei a Brasília”.
Segundo ela, a ação na Torre de TV obedece à distância mínima de 1 km da Praça dos Três Poderes, exigida por Moraes, e tem objetivo de solicitar “anistia ampla, geral e irrestrita” aos presos e processados pelos atos de 8 de janeiro e demais prisões consideradas políticas. “Incluindo o ex-deputado Daniel Silveira”, disse, em referência ao ex-parlamentar condenado a 8 anos e 9 meses de reclusão por publicar fortes críticas ao STF, em 2021.
Para isso, o movimento cobra do Congresso Nacional votação imediata do projeto de anistia, que precisa ser colocado em pauta pelo presidente em exercício da Câmara, Hugo Motta.
Além disso, o protesto denuncia a situação das famílias de presos e exilados que, segundo informações do Instituto Gritos de Liberdade, têm passado fome e vivido em condições de extrema vulnerabilidade dentro e fora do Brasil. Há, inclusive, uma campanha anunciada por brasileiros e europeus no início deste mês para reunir doadores que auxiliem mensalmente essas famílias.
“Não deixaremos de lutar por anistia”, disse a advogada durante vigília
De acordo com Taniéli, a pauta é urgente, e o convite para a vigília é estendido a todos que desejarem participar. Afinal, “após mais de dois anos e meio, ainda temos 150 pessoas que estão presas devido aos atos do 8 de janeiro”, afirmou a advogada Taniéli Telles durante o encontro desta segunda-feira (28).
Em sua fala, a presidente do Instituto Gritos de Liberdade pontuou que “essas pessoas foram presas, acusadas e condenadas por crimes que não cometeram” e que, entre elas, há mães de crianças menores de idade que seguem presas, como a cabeleireira Debora Rodrigues, a mineira Jaqueline Freitas Gimenez e a brasiliense Ana Flavia de Souza Monteiro.
“Até que o último preso saia da prisão, até que o último exilado volte para o país e até que o último inocente esteja com suas famílias, não deixaremos de lutar por anistia para que a justiça brasileira seja restabelecida”, disse. “Nós cremos no impossível, cremos no milagre”, finalizou.

Fonte. Gazeta do Povo