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18 de julho de 2025

Vinhos a partir de R$ 65: um kit para iniciantes – 17/07/2025 – Isabelle Moreira Lima

Vinhos a partir de R$ 65: um kit para iniciantes – 17/07/2025 – Isabelle Moreira Lima

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Depois de uma avalanche de pesquisas que puseram o destino do vinho em cheque, mostrando que as novas gerações não se interessam pela bebida, eis que chega um novo estudo que aponta que a geração Z está, sim, aproximando taças das bocas. Segundo a IWSR, consultoria internacional de dados do mercado de bebidas, 73% dos jovens da geração Z nos 15 principais mercados do mundo disseram que consumiram álcool nos últimos meses. Há dois anos, o índice era de 66%.

Mais do que estilo de vida, preocupações com saúde ou o movimento “sober curious”, esses jovens não bebiam antes por falta de dinheiro, diz a pesquisa Bevtrac, realizada em março nos 15 maiores mercados mundiais. À medida que envelhecem, conseguem trabalhos melhores e alcançam mais poder de compra, saem mais e passam a se interessar por vinho e outras bebidas. Não foi tão diferente das outras gerações do passado, mas no meio do caminho, desta vez, havia uma pandemia e a internet, que deixaram todo mundo fechado em casa.

Agora, adivinha quem está puxando os números para cima? Índia, China e Brasil, as grandes galinhas dos ovos de ouro do mercado das bebidas. Por aqui, jovens das classes mais altas consomem mais bebidas, especialmente as cervejas premium e os aperitivos.

Mas Rodrigo Lanari, analista do mercado de vinhos e sócio da consultoria Winext, acredita que o vinho especificamente pode capturar novos corações ao oferecer um antídoto para os tempos de virtualidade extrema: quando (quase) tudo pode ser feito por inteligência artificial, esta bebida é um produto que vem da agricultura e passa por processos que precisam da sensibilidade humana. “O vinho pede também que usemos nossos sentidos, paladar, olfato, visão. Tudo o que for profundamente humano vai ter mais espaço”, diz.

Fiquei com essas palavras de Lanari e com os números rodando na minha cabeça e resolvi sugerir um kit para os iniciantes do vinho. Ou, como preferem as redes sociais, um “starter pack”.

Primeiro você vai precisar de ao menos duas taças universais, as chamadas bordeaux. São aquelas grandonas, indicadas para tintos, mas que são capazes de revelar aromas em todos os estilos pelo seu tamanho e formato —não precisa encher muito e dá para girar o líquido sem derramar. Sugiro duas unidades porque é sempre melhor beber com alguém e comentar o que está encontrando na taça.

Também indico que se compre um caderninho, assim suas impressões ficam registradas e podem ser consultadas no futuro, caso queira repetir a compra. Com a repetição das notas, você vai aprendendo sobre uvas, regiões e até mesmo safras.

É bom ter um guia para saber o básico do vinho e procurar na taça o que dizem os manuais. “Introdução ao Mundo do Vinho”, de Ciro Lilla, dá uma boa base. Infelizmente, livros básicos que recomendo a qualquer um que esteja se preparando para beber são “Expert em Vinhos em 24 Horas”, de Jancis Robinson, um favorito da vida, está esgotado no Brasil (alô, editora Planeta!), mas é possível encontrá-lo em sebos ou na versão em inglês. Para o passo seguinte, vá de “As Novas Regras do Vinho”, de Jon Bonné, e de “Degustação de Vinhos: Rigor e Paixão”, de José Luís Borges.

O saca-rolhas pode ser o chamado “amigo do garçom”, aquele de duas etapas, bem sem firula e baratinho.

Agora vamos às garrafas. Você pode juntar um grupo de amigos ou ir comprando aos poucos, mas sugeriria diferentes estilos, um de cada, e dos mais típicos, os chamados “vinhos de manual”. Um espumante brasileiro bem feito como o Ponto Nero Cult Nature (R$ 65 na loja online da Famiglia Valduga) é um ótimo custo-benefício para representar a primeira prova de borbulhas.

Para o branco, uma ideia é ir no chileno Ventisquero Reserva Chardonnay (R$ 68 no Atacadão). Também do Chile vem o laranja No Es Pituko Orange (R$ 129 na Grand Cru). Um rosé bastante decente e fácil de achar é o francês Paul Mas Claude Val (R$ 80 na Altruísta Enoteca). Um tinto leve delicioso é o Bouchon País Viejo (R$ 118 na World Wine). E, para terminar, um tinto encorpado como o Malbec Crios (R$ 69 na SuperAdega).

Ao provar cada um deles, vale ler os trechos dos livros que falam de suas uvas para comprovar (ou negar) o que é esperado de cada um.


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Fonte.:Folha de São Paulo

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