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16 de junho de 2025

‘Papel do cuidador é ainda invisível para sociedade’, diz leitor – 19/04/2025 – Painel do Leitor

‘Papel do cuidador é ainda invisível para sociedade’, diz leitor – 19/04/2025 – Painel do Leitor

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Cuido do meu marido, que tem 59 anos, e está com Alzheimer precoce. Sem mais resistência física e emocional, eu o levei a uma casa de repouso. Me senti simplesmente sozinha. São anos de cuidados intensos, dia e noite. É desgastante vê-lo definhando a olhos nus e ter que lidar com situações inusitadas o tempo todo: ele não se localiza na própria casa, não reconhece pessoas, não consegue mais beber um copo d’água… Decisões entristecem, pois se tem certeza de que não há melhora ou cura.

Roseli Pereira Mendes (São Paulo, SP)

Cuidei de minha mãe acometida por demência. Tive dificuldade com o tratamento adequado, pois a maioria dos profissionais da saúde não sabe lidar com doenças ameaçadoras da vida. Contei com cuidadoras contratadas, mas mantinha a vigilância. Precisava pensar a vida de alguém no nível mais básico de sua existência.

Rodney Domingues (Valinhos, SP)

Minha mãe tem uma doença degenerativa e caiu, quebrando o fêmur. Para não perder a perna, os médicos decidiram cimentá-la. Ou seja, não dobra mais. Ela depende de mim. A logística para ir a qualquer lugar é complicada. Me senti feliz em poder ajudar, mas desgastada física e emocionalmente.

Raquel Araujo da Silva Bertin (Atibaia, SP)

Precisei cuidar de meu filho João, com 8 anos, órfão de mãe e com diagnóstico de TEA (transtorno do espectro autista). A experiência é de falta de apoio de órgãos públicos especializados, porque não existem no Brasil. Me senti sozinho. Também já precisei ser cuidado por alguém. Foi uma experiência muito ruim, de total abandono.

José Carlos Fassina (Limeira, SP)

Cuidei do meu neto e de minha mãe e me senti sobrecarregada.

Ceres Lorena da Silva Estevam (Santa Cruz do Sul, RS)

Cuidei dos meus pais idosos, com algumas enfermidades. Minha mãe tinha 66 e meu pai, 72, quando foram levados pelo tsunami chamado Covid. Tive o prazer de cuidar deles, ouvir suas histórias e ter o carinho sempre atento para lhes dar o que pude.

Wellington de Sousa Sales (São Paulo, SP)

Cuidei de meus pais por 12 anos. Descobri que cuidar é uma experiência grandiosa na qual cabe luz e sombra. Aprendi meus limites e a respeitar os de meus pais. O papel do cuidador é ainda muito invisível para sociedade e para quem cuida. Também recebi cuidados. Ao longo da vida, todos precisamos, ainda que seja difícil se sentir vulnerável e dependente. Durante o processo de adoecimento de meus pais e no luto, fiz terapia e aprendi a pedir ajuda a amigos e familiares. Foi essencial para não adoecer junto e ver as oportunidades no processo.

Júlia Jalbut (São Paulo, SP)



Fonte.:Folha de S.Paulo

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