Um novo vídeo viral lançado originalmente no TikTok, que posteriormente viralizou em outras redes sociais, voltou a alegar — sem provas — que fritadeiras sem óleo produzem substâncias que podem causar danos à saúde.

Não é a primeira vez que o eletrodoméstico, popularmente chamado de air fryer, é alvo de afirmações do tipo. Fora do Brasil, já teve até quem associasse seu uso a casos de autismo, outra afirmação sem respaldo na ciência.

Como nas vezes anteriores, o vídeo viral não apresenta qualquer evidência científica e suas alegações não são embasadas por nenhuma pesquisa séria, instituição confiável ou agência fiscalizadora.

De modo geral, convém não confiar cegamente em afirmações de saúde que você encontra nas redes sociais, uma dica reforçada quando se trata de vídeos ou textos que não apresentam uma fonte confiável para justificar o alarmismo.

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Diferenças entre o que o vídeo afirma…

O vídeo da vez faz as seguintes afirmações sobre o preparo de alimentos na airfryer, todas sem provas:

• O cozimento liberaria “vapores tóxicos”;
• O revestimento antiaderente passaria por “decomposição” pelo calor, liberando partículas nocivas no ar;
• Carboidratos colocados na airfryer sofreriam um “aumento da glicose”, provocando picos de insulina;
• Os fios da airfryer, ao aquecer, liberariam metais pesados tóxicos — como o antimônio — no alimento.

… e o que a ciência e a Anvisa dizem

Não há qualquer evidência de que o processo de cozimento da air fryer leve à liberação de vapores tóxicos ou degrade a superfície antiaderente.

Pelo contrário, tanto a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) quanto o Inmetro atestam que os eletrodomésticos só entram no mercado após demonstrar, em testes rigorosos, a segurança dos materiais utilizados diante do calor produzido pelo equipamento.

Sim, é verdade que materiais usados em superfícies antiaderentes têm sido estudados por sua associação com problemas de saúde. Mas não é o calor da air fryer que provoca sua liberação — esse risco só existe se você danificar de forma física o produto, por exemplo, raspando algum metal nele ou utilizando alguma substância corrosiva (até por isso, é importante saber como higienizá-la corretamente).

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Já a afirmação de que metais presentes nos fios passariam de alguma forma ao alimento por conta do calor não faz qualquer sentido. Não há contato do fio com a área interna que passa pelo aquecimento ou com a comida que é preparada ali — se isso ocorresse, a própria elevação da temperatura poderia derreter o fio e inviabilizar o funcionamento do aparelho.

Em relação à questão da glicose, o vídeo parte de um processo natural para causar alarde desnecessário. Picos de insulina ocorrem após o consumo de qualquer alimento com carboidratos, e os níveis voltam ao normal algum tempo depois.

O cozimento em uma air fryer não faz diferença significativa nesse processo, que também ocorre — em intensidades que variam de acordo com o tipo de alimento — se você consumir um carboidrato preparado no fogão, no forno ou até mesmo cru.

Se você segue em dúvidas, a agência de checagem Aos Fatos também produziu um extenso material detalhando as desinformações promovidas pelo vídeo que circula nas redes.