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22 de agosto de 2025

Apesar do Fed, juro não deve cair tão cedo no Brasil – 22/08/2025 – Mercado

Apesar do Fed, juro não deve cair tão cedo no Brasil – 22/08/2025 – Mercado

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Um eventual corte de juros nos Estados Unidos facilitaria a vida do Banco Central brasileiro no controle da inflação, mas dificilmente adiantaria uma redução na taxa de juros básica, a Selic, avaliam economistas.

Nesta sexta-feira (22), o presidente do Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA), Jerome Powell, admitiu a possibilidade de reduzir os juros americanos na próxima reunião da autarquia, em 17 de setembro.

Para William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, a fala de Powell sugere que o Fed vê a inflação dos EUA como potencialmente temporária, enquanto os riscos de desaceleração do mercado de trabalho aumentaram, o que justificaria o ajuste na política monetária.

“Como reflexo, o dólar está caindo forte porque nos últimos dias houve um receio de que ele pudesse não vir com esse discurso para o Jackson Hole, ou que a economia americana continua se mostrando resiliente”, diz Alves.

Por volta das 12h, o dólar caía 1,51%, cotado a R$ 5,414. Já a Bolsa estava em disparada de 2,15%, a 137.405 pontos.

Segundo Adriana Dupita, economista da Bloomberg Economics, a queda do dólar ante o real é impulsionada pela expectativa de que a diferença entre os juros do Brasil e dos EUA fique maior, já que a taxa americana pode ceder em setembro, mas a brasileira segue a 15%.

“Esta perspectiva amplia a atratividade do país como destino de investimentos em renda fixa, o que contribui para a apreciação do real. Ainda assim, um corte de juros nos EUA não deve ser seguido por corte de juros no Brasil. Por aqui, o BC ainda aguarda um recuo mais significativo da inflação e das expectativas [de inflação], ambas ainda distantes da meta de 3%”, diz Adriana.

Nos últimos 12 meses, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) acumulou ganho de 5,23%, acima do teto da meta perseguida pelo BC, de 4,5%.

De acordo com a pesquisa Focus, o mercado espera que a inflação de 2025 fique em 4,95% e que caia para 4,40% no ano que vem, quando a Selic iria a 12,50%

Um dólar mais fraco poderia contribuir para a desaceleração da inflação. Mas pode prejudicar as exportações brasileiras.

“Uma moeda mais forte para nós ajuda na inflação, mas os setores que exportam ficam um pouco mais prejudicados. Não é o real que está forte, é o dólar que está fraco, porque o objetivo do Donald Trump é esse”, diz o economista André Perfeito.

O presidente dos EUA tem pressionado Powell por corte de juros há meses. O Fed vem mantendo a taxa americana entre 4,25% e 4,5% desde dezembro do ano passado, antes de o republicano ser empossado.

Foram cinco reuniões neste ano em que os diretores optaram pela manutenção da taxa, apesar da pressão de Trump, que defende uma redução de três pontos percentuais.



Fonte.:Folha de S.Paulo

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