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Introdução
A ‘ninfoplastia sem cortes’, com jato de plasma, é divulgada como moderna, mas não oferece segurança e precisão da cirurgia tradicional. Especialistas alertam para riscos como lesões térmicas, perda de sensibilidade e resultados imprevisíveis, destacando a importância da técnica cirúrgica e de profissionais qualificados para o bem-estar feminino.
- A “ninfoplastia sem cortes” com jato de plasma é arriscada e não substitui a cirurgia tradicional, considerada padrão-ouro.
- Métodos térmicos podem causar lesões graves, como queimaduras, cicatrizes irregulares e perda de sensibilidade.
- Esses procedimentos não removem tecido, resultando em tratamento imprevisível e recuperação prolongada e dolorosa.
- A ninfoplastia cirúrgica tradicional, por especialistas, é segura, precisa e tem mais de 90% de satisfação.
- Informação clara e a escolha de um profissional qualificado são cruciais para a segurança e o impacto positivo na qualidade de vida.
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Resumo gerado por ferramenta de IA treinada pela redação da Editora Abril.
A chamada “ninfoplastia sem cortes”, feita com jato de plasma ou outros dispositivos de energia térmica para retrair os pequenos lábios, tem sido divulgada como alternativa moderna e minimamente invasiva.
Porém, minha experiência clínica e as evidências disponíveis mostram que essa técnica não oferece o mesmo nível de segurança e precisão da ninfoplastia cirúrgica tradicional, considerada o padrão-ouro para corrigir, de forma estética e funcional, a região íntima.
Embora o Brasil esteja entre os países que mais realizam ninfoplastia no mundo, ainda há pouca informação de qualidade sobre as diferenças entre procedimentos realmente cirúrgicos e métodos baseados apenas em energia térmica. Essa falta de clareza leva muitas mulheres a aderirem a soluções que parecem simples, mas que podem causar complicações importantes.
Por que a técnica sem cortes oferece riscos
Nos últimos anos, tenho recebido um número crescente de mulheres que chegaram ao consultório após se submeterem a procedimentos sem cortes. Em muitos desses casos, observo lesões térmicas extensas, áreas de queimadura, cicatrizes irregulares, retrações assimétricas e, em situações mais graves, perda de sensibilidade ou dor persistente.
A região íntima tem rica vascularização e alta concentração de terminações nervosas, o que a torna especialmente vulnerável a danos quando exposta a energia térmica sem controle adequado.
O principal problema é que esses métodos não removem tecido; eles apenas queimam camadas superficiais e profundas para tentar provocar retração. O resultado é imprevisível e, muitas vezes, insuficiente para tratar a queixa inicial.
Além disso, a recuperação tende a ser mais dolorosa e prolongada do que a maioria das pacientes imagina, com desconforto intenso, ardência e limitação nas atividades diárias por semanas.
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O papel do especialista e a importância da formação adequada
Nem todos os profissionais que oferecem ninfoplastia têm formação específica para atuar nessa área. A cirurgia íntima exige conhecimento anatômico detalhado, técnica apurada e experiência em ginecologia regenerativa ou cirurgia íntima feminina.
Quando realizada por especialistas, a ninfoplastia convencional apresenta altos índices de segurança e satisfação justamente porque permite remover o excesso de tecido com precisão, preservar a sensibilidade e corrigir assimetrias de maneira controlada.
Estudos apresentados em congressos internacionais, como o da Sociedade Internacional de Uroginecologia (IUGA), mostram que mais de 90% das mulheres submetidas à ninfoplastia convencional tiveram suas queixas resolvidas e afirmaram que fariam a cirurgia novamente ao conhecerem o real nível de segurança e previsibilidade do procedimento.
Como é realizada a cirurgia correta
A ninfoplastia tradicional é feita com anestesia local e envolve a remoção milimétrica do excesso de tecido, seguida de sutura delicada.
A técnica é ajustada individualmente às características anatômicas de cada mulher e pode, quando indicado, ser complementada por outros procedimentos para melhorar aspectos funcionais e estéticos da vulva. O tempo total costuma ser de aproximadamente uma hora, com alta no mesmo dia e recuperação previsível quando se segue o protocolo adequado.
Mais do que estética: impacto emocional e qualidade de vida
Além da questão anatômica, muitas mulheres buscam a ninfoplastia por motivos emocionais profundos, ligados à autoestima, ao desconforto nas relações íntimas ou à insegurança ao se expor. Quando o procedimento não é bem executado, o impacto psicológico pode ser significativo, com sentimentos de vergonha, arrependimento e receio de buscar ajuda.
Por isso, informação clara e orientação adequada são fundamentais. Entender a diferença entre técnicas térmicas e a cirurgia convencional permite que a mulher tome uma decisão segura, consciente e alinhada às recomendações médicas.
A ninfoplastia é segura e eficaz quando realizada por profissionais especializados. O risco não está na cirurgia em si, mas na banalização de técnicas inadequadas e na falta de conhecimento sobre suas limitações e possíveis complicações.
A escolha de um especialista qualificado é essencial para garantir segurança, resultados consistentes e um impacto positivo real na qualidade de vida.
*Samelline Albuquerque, ginecologista, especialista em ginecologia regenerativa, rejuvenescimento e estética íntima. Fundadora do Instituto Sama. Membro da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).
(Este texto foi produzido em uma parceria exclusiva entre VEJA SAÚDE e Brazil Health)

Fonte.:Saúde Abril


